São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Deputados já articulam a derrubada do imposto

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ruralista diz que 'sociedade organizada tem de entrar na votação'

Um grupo de deputados influentes no Congresso articula a derrubada da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) na votação em segundo turno na Câmara.
Compõem este grupo, entre outros: Delfim Netto (PPB-SP), José Jorge (PE), futuro presidente nacional do PFL, e Abelardo Lupion (PFL-PR), coordenador da bancada ruralista.
A avaliação dos opositores do novo imposto do cheque pode ser dividida em três pontos, a saber:
1) Em termos aritméticos, seria fácil derrubar o imposto. O quórum na primeira votação foi muito alto, com 479 parlamentares presentes -326 votaram a favor.
Em geral, o quórum máximo tem sido de cerca de 460 deputados. A Câmara tem 513. Os adversários do imposto calculam que bastaria reduzir a presença e convencer 20 deputados. Isso reduziria os votos a favor para menos de 308 -mínimo necessário para se aprovar uma emenda constitucional -que é o caso da CPMF.
2) Houve muita emoção na votação da CPMF. Foi um caso claro de intervenção presidencial, mexendo com os brios de seus líderes no Parlamento. Por isso, o clima político para trabalhar uma reversão de votos ainda não é favorável.
3) Tudo dependerá, portanto, da reação pública ao novo imposto nos próximos dias. Na avaliação dos opositores da CPMF, foram tímidas as críticas da sociedade até agora. Principalmente do que é conhecido como sociedade organizada (sindicatos, associações de empresários e mídia em geral).
O ruralista Abelardo Lupion acha que pode convencer "uns seis" deputados a mudar o voto.
"Eu faço isso, e esses seis fazem o mesmo. Pronto: enterramos a CPMF", afirma o deputado. "A sociedade organizada tem de entrar nessa votação."
Lupion já encomendou um estudo sobre o impacto da CPMF na agricultura. Pretende divulgar os resultados para os 168 deputados da bancada ruralista.
O pepebista Delfim Netto considera difícil uma reversão, mas não impossível. "Eu não quero dizer o que eu vou fazer, mas certamente vou trabalhar contra o imposto."
Para José Jorge, do PFL, a vitória foi "muito apertada" e "pode perder com um quórum mais baixo". A decisão do partido será tomada semana que vem.
Paulo Bornhausen (PFL-PE), filho do atual presidente do PFL, Jorge Bornhausen, não vai esperar a decisão do partido. "Eu acredito no bom senso. Vou continuar a expor meus pontos de vista para as pessoas com quem eu conversar e acho que há chances de ganhar em segundo turno", afirmou.
O líder do PFL Inocêncio Oliveira acha muito difícil derrubar a CPMF. "A vitória foi expressiva. A contribuição deve ser aprovada."

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