São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Cidades de SP fazem cesáreas em excesso

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria das cidades do Estado de São Paulo tem taxas de cesárea acima do recomendado, segundo estudo apresentado ontem na SBPC por Daphne Rattner, do Núcleo de Investigação sobre Saúde da Mulher e da Criança.
O estudo foi publicado este ano na "Revista de Saúde Pública".
Os índices de parto cesárea considerados ideais variam de entre 10% e 15% -recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)- a 30%, índice considerado "bom" pelo governo paulista.
A pesquisadora avaliou os índices de cesárea por cidade de acordo com três indicadores, que medem a "riqueza" de uma população: o número de bancos por 100 mil habitantes, o coeficiente de mortalidade de bebês entre 29 dias e 1 ano e o potencial de mercado.
"A cesárea perdeu o caráter de procedimento médico e teria se transformado em bem de consumo", disse a pesquisadora.
Rattner se baseia no fato de os bancos se concentrarem onde há maior disponibilidade de recursos.
Já o potencial de mercado é um indicador construído a partir de três componentes: população do município, vendas a varejo (mede o grau de poder aquisitivo) e a posse de utilidades domésticas.
Os resultados mostraram que há um relação entre o "nível de riqueza" da região e o número de cesáreas.
Interior
Um exemplo: Capão Bonito, com um índice de mortalidade de 27,29 por 1.000 nascidos, taxa de bancos de 11,66 por 100 mil habitantes e potencial de consumo de 0,390 apresentou um índice de cesáreas de 29,8%.
Já Taubaté, com índice de mortalidade de 11,99 por 1.000 nascidos, taxa de bancos de 12,66 por 100 mil nascidos e potencial de consumo de 1,005, apresentou um índice de cesárea de 46,5%.
Nenhuma cidade do Estado apresentou índices menores do que 20% em 1993.
A pesquisadora alerta para o fato de que houve uma tendência de aumento da "média" de cesáreas entre 87 e 93.
"Ao traçar uma curva, em que temos dois extremos -taxa de cesárea menor que 20% e maior que 80%- vemos que há um deslocamento dessa curva", disse.
Isso indica aumento das taxas de cesárea, de 40% a 50%, em 87, para 60% a 70%, em 93, explicou.

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