São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Cresce probabilidade de ser assassinado

DA REPORTAGEM LOCAL

Morre-se mais de causas externas hoje no Brasil do que há dez anos. E o risco de morrer devido a essas causas, principalmente homicídios e lesões intencionais, também é maior, diz estudo da Universidade Federal da Paraíba.
Pesquisadores analisaram os registros de óbito do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde entre 1979 e 1993. Os resultados mostraram que, enquanto as taxas das principais causas 'naturais' de morte no país caíram, as causas externas aumentaram.
"A taxa de mortalidade é o número de mortes por 10 mil habitantes e mede o risco de morte", disse o pesquisador Lenine Silva.
As doenças do aparelho circulatório, principais causas de morte no Brasil, caíram 13,44% nos homens entre as décadas de 80 e 90, enquanto as causas externas de morte aumentaram 18,88% .
Peso dos homicídios
O estudo também mostrou que o peso relativo dos homicídios subiu entre os anos 80 e 90.
Em 1980, correspondiam a cerca de 22% dos óbitos masculinos por causas externas. Em 1990, saltaram para 33%. O índice subiu mesmo nas mulheres: de 9% em 1980 para 14% em 1990.
Os acidentes de carro, segunda causa de morte por causas externas entre homens e mulheres, mantiveram-se constantes nesse período: uma média de 27% entre homens e 34% entre mulheres.
"Vimos também que o risco de morrer violentamente (homicídio) foi o que mais aumentou nos homens: de 2,1/10 mil habitantes para 3,75/10 mil habitantes".
Segundo Silva, os dados mostraram que hoje não só se morre mais de causas externas, mas também são cada vez mais jovens os que morrem. "A curva para os homens foi ficando cada vez mais deslocada para o lado das menores faixas etárias."
O pesquisador disse que os dados de 1980 foram adaptados. "Fizemos uma adaptação porque a população de 80 era mais jovem do que a de hoje, quando sabemos que ela está envelhecendo".
Segundo o pesquisador, embora os índices de mortalidade por causas externas tenham aumentado em todos os Estados, não se pode confiar totalmente nos índices dos Estados do Norte e Nordeste, cujos registros não são confiáveis.
Em São Paulo, a porcentagem de óbitos devido a causas externas passou de 13% em 1980 para 19% em 1990. Já o Distrito Federal apresentou um índice de 20% em 1980 e cerca de 27% em 1990.

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