São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Nordeste adota 'supletivo para criança'

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O MEC (Ministério da Educação e do Desporto) vai dar assistência técnica e financeira para os Estados do Nordeste que queiram instalar classes de aceleração -uma espécie de supletivo para crianças.
O Maranhão já tem 17 mil alunos estudando nessas classes -que pretendem corrigir a defasagem de série de alunos que já repetiram de ano várias vezes no 1º grau.
Cada ano cursado em uma classe de aceleração pode valer dois anos em uma classe regular. O Estado de São Paulo começou a instalar esse tipo de classe este ano.
Até 1998, a rede estadual de São Paulo -de 6,5 milhões de alunos- deverá ter 2.000 classes de aceleração em funcionamento, com cerca de 60 mil estudantes.
Na rede estadual de ensino do Maranhão, cerca de 80% dos alunos de 1º grau estão defasados em relação à série ideal para sua idade, segundo o secretário da Educação do Estado, Gastão Vieira.
Em São Paulo, calcula-se que cerca de 30% dos alunos de 1º grau estejam defasados em pelo menos dois anos.
Reunião
Dentro de duas semanas, haverá uma reunião em São Luís (MA) reunindo dirigentes das nove secretarias de Educação dos Estados nordestinos para troca de experiências com representantes de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
"Além do Maranhão, que já começou a implantar essas classes, Bahia, Ceará e Piauí demonstraram interesse", afirma o coordenador de Capacitação de Recursos Humanos do Projeto Nordeste, Fernando Ferreira Piza.
O Projeto Nordeste é um projeto que tem investimento de US$ 450 milhões do Banco Mundial, com o qual o MEC quer melhorar a educação da região -que tem alguns dos piores indicadores de eficiência do mundo.
Segundo Piza, o problema da repetência é generalizado no país. O secretário da Educação do Maranhão afirma que, dos 214 mil alunos de 1ª a 4ª série, 114 mil já repetiram pelo menos uma vez de ano.
O secretário da Educação da Bahia, Edilson Freire, afirma que vai instalar as classes de aceleração, embora isso traga o risco de uma diminuição dos conteúdos ensinados em classes regulares.
"Precisamos fazer algo agora, senão teremos problemas no futuro", afirma Freire.
Gastão Vieira, do Maranhão, diz que "a aceleração não é um projeto permanente". Segundo ele, "há um problema prático, no momento, que é o grande número de repetentes na rede. Com o programa, isso pode ser enfrentado".
São Paulo está desenvolvendo materiais específicos para as classes de aceleração -que serão apresentados na reunião de São Luís para os Estados nordestinos.

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