São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Cresce número de cesarianas em São Paulo

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os partos cesarianos deixaram de ser um procedimento médico e se transformaram em um bem de consumo.
Isto é, o número de cesáreas no Estado de São Paulo é mais alto nas cidades onde há maior desenvolvimento regional.
O estudo foi publicado este ano na "Revista de Saúde Pública" e apresentado ontem na SBPC.
"Ao traçar uma curva, em que temos dois extremos -taxa de cesárea menor do que 20% e maior do que 80% -vemos que há um deslocamento dessa curva para um aumento das taxas de cesárea, de um pico máximo entre 40% e 50% em 87 para um pico entre 60% e 70% em 93".
Os índices de cesarianas considerados ideais variam de 10% a 15% -recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)- a 30%, índice considerado "bom" pelo governo do Estado.
Índice de riqueza
A pesquisadora avaliou os índices de cesárea por cidade de acordo com três indicadores que medem a "riqueza" de uma população: o número de bancos por 100 mil habitantes, o coeficiente de mortalidade de bebês entre 29 dias e 1 ano e o potencial de mercado.
Rattner se baseia no fato de as agências bancárias se concentrarem onde há maior disponibilidade de recursos.
Já o potencial de mercado é um indicador construído a partir de três componentes: população do município, vendas a varejo (mede o grau de poder aquisitivo) e a posse de utilidades domésticas.
"A cesárea perdeu o caráter de procedimento médico e teria se transformado em bem de consumo", disse a pesquisadora.
Os resultados mostraram que há uma relação entre o "nível de riqueza" da região e o número de partos cesarianos.
Capão Bonito
Um exemplo: Capão Bonito, com um índice de mortalidade de 27,29 por mil nascidos, taxa de bancos de 11,66 por 100 mil habitantes e potencial de consumo de 0,390 apresentou um índice de cesáreas de 29,8%.
Já Taubaté, com índice de mortalidade de 11,99 por mil nascidos, taxa de bancos de 12,66 por cem mil nascidos e potencial de consumo de 1,005, apresentou um índice de cesárea de 46,5%.
Nenhuma cidade do Estado apresentou índices menores do que 20% em 1993.
"Vimos também que os extremos variavam de 12,5% a 100%, um absurdo", disse.
Segundo ela, os hospitais que tinham uma taxa de partos cesariana maior do que 80% correspondiam a 6,3% do total. Em 1993, saltaram ara 9,3%.

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