São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Política atrapalha programa espacial

Cientistas criticam falta de definições

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os responsáveis pelos programas espaciais brasileiros estão mudando de estratégia na tentativa de evitar os erros que caracterizaram o programa até agora. Mas é uma tarefa difícil, segundo se percebe pelo debate de ontem sobre o tema na reunião da SBPC.
Os programas sofrem por falta de definição política, típica das atividades do Estado brasileiro, o que provocou atraso em todos os projetos. Outro efeito negativo foi o descompasso entre os criadores dos serviços espaciais e a comunidade de usuários.
O exemplo clássico foi o primeiro satélite da Mecb (Missão Espacial Completa Brasileira), o pequeno (110 kg) SCD-1 (Satélite de Coleta de Dados-1).
Ele foi lançado ao espaço em fevereiro de 1993 com capacidade de atender a 500 plataformas terrestres de coleta e transmissão de dados e com vida útil prevista de um ano.
Tecnicamente ele foi um sucesso, pois continua funcionando três anos depois. Mas em abril de 96 só atendia 60 plataformas.
Hoje são cerca de 100, com previsão de chegar a 250 no começo de 97, segundo Janio Kono, gerente de programa da Mecb no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
"É um problema de credibilidade. Por ser o nosso primeiro satélite, ninguém iria querer investir em estações sem saber se ele funcionaria", diz Kono.
A Mecb prevê a construção de seis satélites. Os dois últimos serão de "sensoriamento remoto" (observação de recursos naturais), voltados para observar a Amazônia.
Os pesquisadores do Inpe argumentam que um satélite de sensoriamento como o americano Landsat passa poucas vezes por mês sobre a Amazônia. Os SSR-1 e SSR-2 passariam a cada duas horas sobre o mesmo ponto.
Outro dos programas espaciais, a fabricação de dois satélites maiores -1.450 kg- de sensoriamento junto com a China, o projeto Cbers, também está atrasado.

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