São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Custo de vida no segundo semestre preocupa a Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação subiu para 1,65% em São Paulo na primeira quadrissemana deste mês (em junho foi de 1,41%). Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A taxa vai continuar subindo na próxima quadrissemana, podendo atingir 1,8%, mas fecha o mês em 1,6%, segundo previsões de Juarez Rizzieri, presidente da Fipe.
Rizzieri não está otimista com a inflação neste segundo semestre. Ele prevê um movimento de alta na taxa, mas localizado em alguns setores. A taxa acumulada do período pode superar os 7% do primeiro semestre e terminar 1996 próxima a 15%. A previsão anterior da Fipe era de 12%.
A própria política do governo deve provocar a aceleração da taxa. O afrouxamento das amarras do crédito vai incentivar a demanda, que pressiona os preços.
A taxa de inflação deve ser empurrada para cima também pela nova postura do governo de proteger alguns setores da economia. A imposição de alíquotas de importação para produtos como arroz, brinquedos etc. vai forçar a alta dos preços no mercado interno.
O peso da CPMF de 0,20% não é grande na inflação. Mas deve provocar alta da taxa em um primeiro momento, quando todos os setores da economia vão se defender do novo imposto, repassando preços, afirma.
Os alimentos também estão na lista de pressões no segundo semestre, devido à entressafra da carne e ao aumento dos preços dos grãos no mercado internacional, diz Rizzieri.
Tarifas pesam
Para o presidente da Fipe, as tarifas vão pesar neste semestre. Os reajustes no setor, no entanto, devem ter um processo de longo prazo. Só assim a privatização de algumas empresas ficaria mais atraente para os investidores.
Uma das saídas para o governo segurar a inflação é a importação, medida que contraria a própria política de protecionismo que está sendo adotada para alguns setores.
Na primeira quadrissemana deste mês, ou seja, últimos 30 dias terminados em 7 de julho, a taxa de inflação foi empurrada para cima por alimentos e transportes, enquanto o setor de vestuário registrou queda.
A pesquisa da Fipe mostrou redução de 0,27% nos preços de vestuário. As principais quedas foram para calçados (2,5%) e roupas de criança (0,8%).
No setor de habitação, as maiores pressões continuam vindo de aluguéis (3,2% no período).

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