São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996 |
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Brasileiros protestam contra preços de remédios
JAIRO BOUER
Os manifestantes usavam fitas verdes e amarelas e levavam uma bandeira do Brasil. Gritavam, em inglês, "preços mais baixos" e "avareza é igual à morte". O grupo se reuniu na frente do estande do programa de combate à Aids do Ministério da Saúde e iniciou uma passeata de cerca de 15 minutos pela área em que estão os estandes dos grandes laboratórios. Lair Guerra de Macedo, coordenadora do programa, estava à frente do grupo. Participaram médicos, representantes de 15 ONGs brasileiras, membros do programa de combate à Aids e funcionários da área da saúde pública. Lair Guerra disse que estava mais tranquila com a aprovação no Congresso da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e que espera que o ministro Adib Jatene libere a verba para os medicamentos antes de o dinheiro do imposto chegar. Lair afirmou que ligou para seus assessores e os orientou a começar imediatamente a negociação para a compra do 3TC (da Glaxo-Wellcome) e a iniciar a licitação para a escolha do inibidor da protease que o governo comprará. Lair enfatizou que o movimento marca o início de uma negociação com os laboratórios. Segundo ela, o programa vai lutar para diminuir os impostos sobre os remédios se os laboratórios se comprometerem a reduzir o lucro. Um manifesto distribuído coloca o governo como um dos principais clientes da indústria farmacêutica e pede para que os laboratórios reduzam o preço dos medicamentos em, no mínimo, 35%. Protesto radical Cerca de dez ativistas invadiram ontem uma das conferências mais importantes do dia em Vancouver e jogaram um líquido vermelho em dez especialistas. Os especialistas estavam reunidos para passar para médicos e cientistas as novas condutas recomendadas pela Internacional Aids Society para tratamento da Aids. A mesa era dirigida pelo canadense Julio Montaner, um dos coordenadores da conferência. Os ativistas entraram na sala principal do Vancouver Trade and Convention Centre, subiram na mesa, jogaram um líquido vermelho nos palestrantes e começaram a reclamar da forma como os especialistas tratam pessoas com Aids. A polícia e os seguranças não fizeram qualquer tipo de intervenção. Montaner foi agredido. Os ativistas se disseram do Act Up San Francisco. O grupo é um dos principais lobbies dos EUA. Membros do Act Up no local foram até o microfone e disseram que aquelas pessoas não faziam parte do grupo -cuja política de ação não admite a violência. Durante a semana, ativistas invadiram estandes dos laboratórios na área de exposição. Os estandes da Roche, Abbott e Serono foram desmontados durante algumas horas em função das invasões. (JB) Texto Anterior: Teste detecta HIV em 90 dias Próximo Texto: Novo inibidor tem bom resultado Índice |
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