São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Jobim quer manter apuração de morte

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Nelson Jobim, pretende ir a Alagoas negociar com o governador Divaldo Suruagy (PMDB) uma autorização para que a Polícia Federal continue as investigações sobre a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino.
A viagem, no entanto, está condicionada à possibilidade de a PF não conseguir chegar a uma conclusão sobre a causa da morte de Suzana. Jobim disse anteontem à noite no programa "Jô Soares Onze e Meia", do SBT, que a investigação da PF pode ser inconclusiva.
Sem elementos
Ou seja: segundo o ministro, o relatório da investigação paralela feita pelos policiais federais pode apontar que PC foi morto por Suzana, mas não teria elementos para afirmar que ela se suicidou.
Com essa lacuna, o documento pode sugerir que ela tenha sido vítima de homicídio. No entanto, não poderá ser afirmativo sobre a existência de elementos definitivos para apontar a possível autoria.
"Se a conclusão 'A' (suicídio) não é admissível, seria uma fórmula 'B' (homicídio) desconhecida. Daí a Polícia Federal precisaria continuar seu trabalho de investigação", disse Jobim.
Entre assessores do Ministério da Justiça é dado como certo que Suruagy concordará com a proposta, pois uma posição contrária seria ruim para a sua imagem.
O ministro demonstrou estar preocupado com a possibilidade de o processo ser extinto, por falta de réu, quando chegar à Justiça de Alagoas. Isso ocorrerá caso se conclua que houve um homicídio seguido de suicídio.
"Se não houver nenhum elemento (réu) para a denúncia, (o processo) fica complicado no Poder Judiciário", afirmou. "Ele só age quando há denúncia para acusar alguém."
Sanguinetti
Jobim determinou ontem que a PF dê garantias de vida ao legista Mário Sanguinetti, professor titular de Medicina Legal da Universidade Federal de Alagoas.
O legista enviou telegrama ao ministro afirmando que tem sido vítima de ameaças por causa de denúncias que fez contra os trabalhos da perícia técnica no caso PC Farias. Sanguinetti tinha proteção da Polícia Militar de Alagoas, que foi retirada.
Jobim disse ainda que não tem como atender ao outro pedido do legista, o de intervir na polícia de Alagoas. "Não existe na lei essa possibilidade de o ministro da Justiça intervir nas polícias estaduais", afirmou.

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