São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Família de Suzana vai tentar negar tese da polícia
ARI CIPOLA
Andrea foi a pessoa com quem Suzana mais falou por telefone nos dias que antecederam o crime, segundo levantamento da polícia nas 11 linhas telefônicas que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça. Há várias ligações para Andrea no dia 14 de junho, quando Suzana teria comprado a arma do crime. Uma delas, segundo a polícia, com mais de 15 minutos. A família vai sustentar uma tese antagônica à do delegado Torres, que acredita que Suzana matou PC e depois se suicidou. A família vai sustentar que PC não estava rompendo o namoro, que Suzana não era garota de programa, louca ou de perfil suicida, como pretende provar a polícia. Apesar de afirmar que "confia no trabalho da polícia", a família suspeita que houve uma trama para responsabilizá-la. A família suspeita que os dois depoimentos de Zélia Maciel de Souza, um prima em quarto grau com quem os parentes estão rompidos, foram mentirosos. Para a família, Suzana tinha "pavor" de arma. No primeiro depoimento, Zélia disse que Suzana nunca havia falado em revólver. No segundo, disse que preencheu o cheque que Suzana assinou para comprar a arma. O exame grafotécnico ainda não foi concluído. 46 tiros Cícero Torres colheu ontem o depoimento do comerciante Adelmo Sobrinho, que disse ter ensinado Suzana a atirar horas antes de ela ter comprado a arma. Sobrinho disse que era amigo de Zélia e que não conhecia Suzana. Segundo ele, Suzana disse que queria a arma para deixar em casa, pois "morava numa rua escura". Ele disse que Suzana deu 46 tiros entre às 13h e 14h30 do dia 14 de junho, dez dias antes do crime. Os tiros foram dados na chácara de Alexandre Canuto, e, segundo ele, Suzana atirava com as duas mãos e tinha uma "péssima" pontaria. Ela conseguiu acertar apenas um tiro no coqueiro que estava a cerca de dez metros e não errou quando o alvo era a porta de uma geladeira que estava a três metros dela. O dono da chácara também depôs ontem. Ele apenas confirmou que levou Sobrinho, Zélia e Suzana para atirar em sua propriedade. Esquema PC O ministro da Justiça, Nelson Jobim, afirmou que a Polícia Federal está investigando novas ramificações do esquema PC a partir de dados levantados em Maceió. Em entrevista ao programa "Jô Soares Onze e Meia", Jobim disse não saber quais novos assuntos estão sendo levantados: "Mesmo que soubesse, não iria dizer". O ministro afirmou que esse trabalho da PF independe da "colaboração" que está sendo prestada à polícia de Alagoas para elucidar as causas da morte de PC e Suzana. Colaborou a Sucursal de Brasília Texto Anterior: Jobim quer manter apuração de morte Próximo Texto: Lacerda monta núcleo no Rio Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |