São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996 |
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Tomie Ohtake leva Mestre Paiva à Bienal
DANIELA ROCHA
Hermantino de Paiva, ou simplesmente Mestre Paiva, 56, metalúrgico há 30 anos, é o mais novo "partner" de Ohtake. Acostumado a trabalhar com artistas, Mestre Paiva já fez peças para José Resende, Carlos Fajardo e Márcia Grostein. "É o trabalho que eu mais gosto de fazer", afirmou ele, que já foi encarregado da metalúrgica onde trabalha e atualmente faz serviços gerais de funilaria e serralharia. Paiva e Ohtake estão juntos há quatro meses. Eles já finalizaram a construção das seis peças de Tomie Ohtake que vão estar expostas na Bienal, que começa no dia 5 de outubro próximo. Tubos de ferro Todas foram feitas em tubos de ferro. "Elas são leves como se fossem um movimento desenhado com as mãos", afirma Ohtake. Ela já tinha o projeto de fazer a série de esculturas antes de ser convidada para participar da Bienal. "Estava desenvolvendo a idéia, e quando os organizadores da Bienal me visitaram e viram as esculturas que faria, eles resolveram me convidar neste ano, porque as obras têm ligação com o tema da Bienal, a desmaterialização", disse. Ohtake já participou de três Bienais durante a década de 60. As seis obras serão pintadas a partir da semana que vem -todas em branco fosco. "Não queria nada que ligasse a minha obra a computador. Tudo foi feito manualmente", afirma Ohtake, referindo-se ao desenho, às maquetes e à construção das seis esculturas, que por enquanto ainda não têm título. Toda a execução da obra foi realizada na metalúrgica Garra, onde Paiva trabalha há dez anos. "Ele é um artista de mão cheia, tem uma incrível sensibilidade", diz ela. Mestre Paiva ainda pretende fazer sua própria escultura. "Usaria tubos de ferro e chapas, mas são só algumas idéias que tenho", disse. Ele afirmou que os projetos que realiza com artistas deu certo porque ele é muito minucioso no trabalho. "Sou perfeccionista. Tenho que fazer peças em grande proporção e também algumas muito pequenas. Todas têm que ter encaixe perfeito." Estética Paiva disse que gosta de estética e de lidar com o equilíbrio das peças em ferro. "Muitas vezes dou minha opinião sobre a execução das obras, e os artistas, na maior parte, acatam", afirmou. Graças ao trabalho com artistas, mestre Paiva começou a frequentar as bienais de arte e a guardar os catálogos das exposições -muitos deles com seu crédito. "Antes eu não tinha envolvimento com o que estava exposto. Agora participo da construção das obras e quero ver como ficaram." O público passará pela outra peça suspensa e será responsável por movimentá-la. As outras esculturas serão colocadas no chão ou afixadas na parede. As fotos que irão ao catálogo da Bienal foram feitas com as obras em estágio "work-in-progress", ou seja, do jeito que se encontram na metalúrgica. "É bom porque retrata as etapas do trabalho", afirma Ohtake. Texto Anterior: 'Manon' passa completo Próximo Texto: Metalúrgica guarda obras Índice |
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