São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Erasmo Carlos tenta resistir ao tempo

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Erasmo Carlos cometeu uma ousadia. Em seu novo álbum, "É Preciso Saber Viver", regravou o clássico "Detalhes".
"Foi bem difícil", disse Erasmo, em entrevista à Folha, por telefone, do Rio. "É música para cantor, e eu não sou cantor. Mas tinha que gravar. Talvez seja a melhor música que fizemos até hoje."
"Detalhes" é apenas uma das 13 parcerias com Roberto Carlos que Erasmo refez para o disco.
A princípio, pretendia dar às canções antigas um tratamento acústico. "Foi mudando aos poucos", diz Erasmo. "Ficou semi-acústico, um disco soft."
A delicadeza dos arranjos colocou sua voz em evidência. "Fiquei surpreendido com o resultado."
"É Preciso Saber Viver" não tem nenhuma composição inédita. "Era para ter três inéditas", conta Erasmo. "Mas aí a minha mulher morreu, fundiu minha cuca", diz.
Sandra Saionara Esteves, ou Narinha, morreu no dia 26 de dezembro de 1996, depois de ingerir cianeto de potássio, um potente veneno. Tinha 40 anos e estava separada de Erasmo havia cinco.
"Não queria fazer uma música póstuma, com sentimento de tristeza. Mas também não tinha clima para fazer música alegre."
Como homenagem, Erasmo inclui no disco a faixa "Geração do Meio", composta em parceria com Narinha.
Atual
O cantor evitou regravar sucessos. "Quis recuperar aquelas músicas que não tocaram em rádio."
Alguns desses discos estão fora de catálogo. "Não adiantava nem remasterizar, porque foram gravados com tecnologia antiga", diz.
Resistir ao tempo é o lema do compositor. "É importante que a música continue viva pelas gerações. É isso que faz um clássico."
Duas gerações do pop nacional já fizeram sucesso com suas músicas: Barão Vermelho com "Vem Quente Que Eu Estou Fervendo" e Skank com "É Proibido Fumar".
"Gosto de todas essas regravações", diz. "Mostram que as letras continuam atuais."
Maquiagem
"Depois da morte de Nara, não quis participar de mais nada", diz Erasmo. "Nunca mais fui a show de ninguém. Só ia para o estúdio."
Para o cantor, o revival de jovem guarda já se esgotou. "Agora, só daqui a dez anos."
Apesar disso, não rejeita a idéia de um filme sobre o movimento. "Seria uma boa idéia, desde que os atores não fôssemos nós. Nem maquiagem resolve mais."

Texto Anterior: Tereza Rachel volta a São Paulo depois de 24 anos com comédia
Próximo Texto: Cantor opta pelo pseudo-acústico
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.