São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Cantor opta pelo pseudo-acústico

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Ninguém diria que, com mais de 30 anos de carreira -boa parte dos quais passou estagnado na mesmice- Erasmo Carlos ainda pudesse ter o que dizer. Por isso, "É Preciso Saber Viver", seu novo disco pela PolyGram, é grata surpresa.
Não se pode dizer que haja novidade em gravar, com arranjos refeitos, uma compilação de sucessos de outros tempos. Não é mesmo novidade que Erasmo traz em sua volta.
Num cenário em que a novidade virou coisa do passado -nada de novo acontece ao pop brasileiro neste 1996-, Erasmo busca no próprio passado a matéria que tem a servir. E chega com um disco cheio de dignidade -é esta sua novidade.
Ao regravar temas batidos como "Detalhes", "Como É Grande Meu Amor por Você", "A Pescaria" e "Abra Seus Olhos", Erasmo desprezou a cafonália que circunda o parceiro Roberto Carlos e o ex-séquito da jovem guarda.
Pseudo-acústico Erasmo Carlos construiu versões simples, sóbrias e elegantes. Valorizou o pseudo-acústico e jogou para escanteio a ênfase em teclados pasteurizados e arranjos de churrascaria.
O que ficou em evidência, então, foi sua voz, já cansada mas não raro emocionada, tranquila, livre de qualquer histeria radiofônica/juvenil.
Até Adriana Calcanhoto consegue se conter em dueto com Erasmo na bela "Do Fundo do Meu Coração" -uma proeza do artista, diga-se.
O resultado é que nem mesmo faixas mais barra-pesada, como "História dos Meus Sonhos" ou "Geração do Meio", tiram o prazer de ouvir um disco que é afinal muito agradável -coisa rara por aí hoje em dia, mesmo entre os mais badalados. Erasmo, que nem é dos mais badalados, dá uma pequena e despretensiosa aula.

Disco: É Preciso Saber Viver
Artista: Erasmo Carlos
Lançamento: PolyGram
Preço: R$ 20, em média

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