São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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"Cover" de Kathleen Battle canta em SP

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ela é americana, negra, magra e tem voz de soprano ligeiro -mas não é quem você está pensando. O Festival de Inverno de Campos do Jordão recebe nesta semana a "Kathleen Battle cover": Harolyn Blackwell.
"Gosto muito de Kathy. Ela tem uma bela voz", diz Blackwell. "Foi uma honra cantar com ela, neste ano, nas festividades em comemoração dos 25 anos do Kennedy Center, em Washington."
Blackwell deve gostar mesmo de Battle. Neste ano, no Carneggie Hall, vai fazer um concerto que tem exatamente o mesmo programa do último disco de sua colega: o ciclo de canções "Honey and Rue", de André Previn, sobre poemas de Toni Morrison.
Quando Blackwell apareceu, havia uma grande expectativa de que ela pudesse suceder a temperamental Battle -brigada com o teatro- nos papéis leves das óperas do Metropolitana de Nova York.
Seu primeiro grande papel no Met -registrado em vídeo pela Deutsche Grammophon- foi Oscar, na ópera "Un Ballo in Maschera", de Verdi, com Aprille Millo e Luciano Pavarotti.
Oscar, não por acaso, é um dos principais papéis do repertório de Kathleen Battle. Mas a aposta não vingou, e nenhuma das duas está programada para a próxima temporada do Metropolitan.
A exemplo de Battle, Blackwell começou cantando em igrejas. A estréia veio em 1979, na Broadway, cantando "Somewhere" na remontagem do musical West Side Story, de Bernstein.
No Brasil, Blackwell começa seu recital pelo campineiro Carlos Gomes, do qual interpreta três canções. "Quem Sabe" ("gosto muito da letra"), "Suspiro d'Alma" ("lembra Rossini") e "Io ti vidi" ("parece Donizetti").
Ela diz gostar da experiência de cantar em português: "Os sons nasais lembram o francês, e parece também um pouco com russo".
Outra marca registrada de Kathleen Battle, os "spirituals", também estão no programa.
O diferencial é dado por "The Genius Child", ciclo de canções que o compositor norte-americano Ricky Ian Gordon criou especialmente para Blackwell.
"Ian Gordon achava que, como judeu, não conseguiria musicar as poesias de Langston Hughes, que é negro", diz Blackwell. "Fiz com que ele visse que a linguagem da música é universal, e está acima destas coisas."

Concerto: Harolyn Blackwell (soprano)
Quando: hoje e sex, às 21h
Onde: Hoje, no Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 288-0136); sexta, no Auditório Cláudio Santoro (av. Dr. Arroubas Martins, 1880, tel. 0122/62-2334, Alto da Boa Vista, Campos do Jordão)
Preço: R$ 10

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