São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Vera Cruz pode voltar à ativa

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O governo de São Paulo prepara um projeto para reconstruir os estúdios da Companhia Vera Cruz de cinema e transformar sua sede, em São Bernardo (Grande São Paulo), em um parque relativo ao tema.
No próximo dia 20 de agosto, a Secretaria Estadual da Cultura pretende apresentar os detalhes do projeto, que envolve a participação da Prefeitura de São Bernardo (dona da área) e da iniciativa privada.
"É fundamental recuperarmos os estúdios da Vera Cruz, se quisermos voltar a valorizar a produção cinematográfica nacional", diz Ivan Negro Ísola, diretor do setor de Audiovisual do governo estadual e coordenador do projeto.
"Essa idéia sempre existiu, mas só agora conseguimos colocá-la no papel."
Os estúdios da Vera Cruz foram inaugurados em 1949 e viveram seu auge até 1954.
Nesses cinco anos, foram feitos 18 filmes, alguns premiados internacionalmente, como "Tico-Tico no Fubá" (52) e "O Cangaceiro" (53).
A partir do final dos anos 50, com o declínio da produção em grandes estúdios e o surgimento do cinema novo, a Vera Cruz entrou em decadência.
Desde os anos 70, dois dos três estúdios, além do pavilhão central, estão praticamente abandonados.
Apenas no estúdio C, o menor, com 960 metros quadrados de área, há algumas filmagens esporádicas.
O restante da área (9.400 metros quadrados) é utilizado para a realização de feiras, convenções e competições esportivas.
"Os estúdios serão equipados com a mais moderna tecnologia de acústica, filmagem e iluminação, para que voltem a produzir filmes", afirma Francisco de Franco, funcionário da prefeitura responsável pela Vera Cruz.
"A prefeitura tem grande interesse em que os empresários e a sociedade se envolvam nesse projeto", diz.
A intenção do governo do Estado é que as obras, que devem demorar um ano, sejam iniciadas até dezembro.
Caso o cronograma seja cumprido nesse prazo, os primeiros longa-metragens a utilizar os estúdios serão co-produções cinematográficas custeadas pela TV Cultura.
O projeto do governo estadual não se restringe à reforma dos estúdios. "Queremos criar também uma área de lazer, com museu, locais para exposições, restaurante, lanchonetes, cinemateca e espaço para uma escola técnica de cinema", afirma Ísola.
Para isso, será utilizado projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, morta em 1992.
"A Lina queria que o Vera Cruz virasse um centro cultural, mas achamos que seria mais interessante direcionar tudo para o cinema", diz Ísola.
Segundo ele, o projeto deverá ser todo custeado pela iniciativa privada, em troca de espaços publicitários e concessão para instalação de lojas. O orçamento final ainda não foi definido.
"Estamos indo atrás de parceiros. Até a data de lançamento do projeto, no final de agosto, já deveremos ter bastante coisa adiantada", acredita.

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