São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NECESSÁRIO E INSUFICIENTE

Os indicadores econômicos relativos à economia norte-americana divulgados ontem talvez ainda sejam desencontrados. Mas pela primeira vez em várias semanas a interpretação dos mercados foi predominantemente positiva. E um cenário em que a principal economia do mundo continua crescendo (ainda que a taxas menores) com juros em queda e sem risco inflacionário é ótima notícia para os chamados mercados emergentes, como Brasil e Argentina.
O crescimento econômico nos EUA, no segundo trimestre, foi de 4,2% em termos anualizados, mais que o dobro da taxa registrada no primeiro trimestre e o maior nível observado desde 94. Ontem mesmo, porém, foram divulgados números que revelam uma reversão. A importante Associação Nacional de Gerentes de Compra dos EUA revelou que a indústria entrou em ritmo mais lento e os preços de matérias-primas caíram. Os investidores interpretaram os dados como evidência de que já não há risco de superaquecimento.
O medo da inflação diminuiu. O principal resultado desse cenário foi o recuo dos juros de longo prazo ao mais baixo nível desde maio último, 6,83%. E as expectativas com relação à reunião do Fed (banco central dos EUA), no próximo dia 20, convergem agora para um cenário de estabilidade dos juros de curto prazo.
Assim, a Bolsa de Valores de Nova York ganhou novo fôlego, depois de duas semanas de nervosismo. No Brasil e na Argentina, entretanto, a especulação quanto ao futuro dos respectivos regimes cambiais foi enorme nos últimos dias. Aqui, o Banco Central viu-se obrigado a intervir seguidas vezes para acalmar o mercado, vendendo dólares.
A melhora no cenário da economia americana é uma boa notícia. Mas os ruídos dos últimos dias mostram que, na globalização, a melhora lá fora é condição necessária, mas não suficiente para acalmar os investidores nos mercados emergentes.

Texto Anterior: PAÍS DESPLUGADO
Próximo Texto: BRASIL X NIGÉRIA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.