São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996 |
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Como se fosse a Suíça
CLÓVIS ROSSI São Paulo - O embaixador brasileiro em Buenos Aires, Marcos Azambuja, é uma dessas figuras públicas que vai se tornando rara. Alia um grande preparo específico e geral a uma enorme capacidade de manter o bom humor e de não solenizar tudo o que faz.Além disso, ocupa posto de observação invejável: perto o bastante para acompanhar tudo o que ocorre no Brasil, mas longe o suficiente para não se perder nas pequenas minúcias que, de muito perto, parecem importantes e nem sempre o são de fato. Trocar idéias com Marcos Azambuja é, portanto, sair ganhando na certa. É dele a observação, casual em meio a uma conversa mais prolongada, sobre o que chama de "suicização" do Brasil, com perdão do neologismo complicado. Atenção, nada de ufanismo tolo, de achar que o Brasil comprou ingresso sem volta para o Primeiro Mundo e baboseiras do gênero. O fato é que a estabilização da economia, pelo menos enquanto durar, e o encerramento da disputa ideológica do tempo da Guerra Fria mudaram a pauta no país, sem que muitos de nós nos tenhamos dado conta. Essa observação do embaixador ficou mais forte na minha cabeça ao notar quais são as grandes polêmicas recentes: somos ou não um país caipira? Ganhamos muitas ou poucas medalhas em Atlanta? O caso PC foi crime passional ou queima de arquivo? Nada que seja, de fato, emocionante como no passado recente. O país viveu um período prolongado em que cada momento parecia a disputa do ouro olímpico, um tudo ou nada. Hoje, ser ou não ser caipira não dá nem bronze. É claro que o país continua tendo urgências avassaladoras, mas a redução brutal da carga ideológica sobre como atacá-las reduz igualmente a temperatura do debate. Cada um julgue se a nova situação é melhor ou pior. A única certeza é a de que é muito diferente. PS - Viagem a Coréia, a convite do governo local, livra o leitor de minha presença pelos próximos dias. Texto Anterior: BRASIL X NIGÉRIA Próximo Texto: Tucanos fofoqueiros Índice |
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