São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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PSDB quer discurso antimalufista

SÔNIA MOSSRI

SÔNIA MOSSRI; CARLOS EDUARDO ALVES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Direção tucana recomenda mudança em São Paulo durante reunião sem a presença de Serra

CARLOS EDUARDO ALVES
A direção nacional do PSDB quer mudar a campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo. Em reunião ontem sem a presença do candidato, optou-se por tentar resgatar o sentimento antimalufista do eleitorado para tentar melhorar o desempenho da candidatura.
A Executiva Nacional do partido discutiu ontem as principais dificuldades dos tucanos nas eleições. O maior problema do partido é a candidatura Serra, que ocupa o quarto lugar na pesquisa Datafolha com 16% das intenções de voto.
O secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que "já é hora de o partido começar a jogar duro em São Paulo".
Segundo ele, a campanha de Serra deve mostrar que o candidato do PPB, Celso Pitta, "tem todas as características do malufismo".
Os tucanos querem usar o horário eleitoral gratuito para exibir a trajetória política do atual prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, sobretudo a caça aos votos no Colégio Eleitoral, em 1984.
Serra pode não aceitar a recomendação. O candidato acha que muitas das notícias oriundas de tucanos que moram em Brasília mais atrapalham do que ajudam sua campanha.
Como exemplo de palpites infelizes, seguidores de Serra apontam a sucessão de informações sobre fórmulas salvadoras para a candidatura, o que na ótica de tucanos paulistas só ajuda a passar a idéia de fragilidade da candidatura.
O candidato tucano não gostou, por exemplo, da divulgação de que se pensava em trazer para São Paulo o governador do Ceará, Tasso Jeressaiti, para atrair o voto do eleitorado nordestino.
Além de não ser próximo de Serra, Tasso não tem expressão eleitoral na cidade.
"Voto útil"
A idéia de apelar para o discurso antimalufista não é nova na campanha de Serra. O objetivo seria tentar o "voto útil" dos eleitores de Luiza Erundina (PT).
Quando o tucano se encontrava em melhor situação eleitoral, há um mês, o "voto útil" chegou a ser insinuado em conversas reservadas de peessedebistas.
O problema é que hoje Erundina está na liderança e, portanto, fica difícil justificar uma campanha pelo "voto útil" a favor de quem está atrás.
O argumento ensaiado é que, por causa da alta rejeição de Erundina (42%, segundo o último Datafolha), seria mais fácil a Serra bater Pitta num eventual segundo turno.
Outro obstáculo para o que quer a direção nacional do PSDB é a aprovação que a maioria do eleitorado paulistano dá hoje à administração Maluf. A opção pelo confronto ostensivo traria embutida margem alta de risco.
Manual
A Executiva Nacional reuniu-se ontem com representantes dos diretórios regionais, especialistas em marketing e analistas de pesquisas para discutir os problemas dos tucanos nas eleições
Antônio Lavareda, que elabora pesquisas de opinião para o PSDB, avalia que o "elevado grau de desinteresse" dos eleitores, no caso de São Paulo, tende a "prejudicar os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto".
Por isso, segundo ele, Serra poderia reverter a situação atual.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) aproveitou a reunião para entregar o "Manual de Campanha PSDB 96".
O presidente do diretório gaúcho, João Gilberto, reclamou que o material de campanha está chegando tarde.

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