São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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Sete dos dez mortos no fogo eram crianças
FABIO SCHIVARTCHE
Vicente Heleno Gomes da Silva, 32, e a mulher Maria Cícera morreram com os quatro filhos: Rodrigo, 12, Carolina, 6, e os gêmeos Ricardo e Rodrigo, 14. Num outro cômodo, morreram Cícera Romano de Oliveira, 26, e seus três filhos: José Arimatéia, José Roberto e Rita de Cássia. Juberlan Pereira da Silva, marido de Cícera, sofreu queimaduras em 80% do corpo ao tentar socorrer a família e foi internado em estado grave no PS do Hospital Municipal do Tatuapé. Até as 20h30 de ontem, ele permanecia em situação "bastante delicada", segundo os médicos de plantão da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital. Perfis Vicente Heleno Gomes da Silva era encarregado de limpeza do Sesc Itaquera (ganhava um salário mínimo e meio por mês). Por quase quatro meses ele morou com a família em uma barraca de plástico em um terreno baldio ao lado dos alojamentos, sem conseguir vaga. "Eles só mudaram para cá em maio, com a ajuda da irmã Júlia (freira assistente social da prefeitura), que arrumou uma vaguinha no prédio que pegou fogo", disse Maria Aparecida Oliveira Gaudino, 27, prima de Vicente. Natural de Santa Bárbara, Minas Gerais, ele reclamava constantemente das péssimas condições do alojamento. "Ninguém gosta de morar aqui, nesse lugar sem condições", diz Maria Aparecida. A mulher de Vicente, Maria Cícera, cuidava dos quatro filhos do casal, que estudavam em uma escola da região. Segundo os vizinhos, "era uma pessoa muito boa, que dividia até o que não tinha." Cícera Romano de Oliveira, que morreu com os três filhos, trabalhava como empregada doméstica em uma casa de classe média em Itaquera. Ela conheceu o marido, Juberlan Pereira da Silva, na favela sob a ponte Tatuapé, onde moravam até o incêndio ocorrido no ano passado. Os vizinhos afirmam que eles não eram casados -só "ajuntados -e contam que os filhos são do primeiro casamento de Cícera. A diversão de Juberlan era o futebol com os amigos, aos domingos. Cícera, muito religiosa, frequentava a igreja três vezes por semana. Até as 19h30 de ontem, o IML (Instituto Médico Legal) da região centro/norte não havia identificado oficialmente os corpos. A previsão era que os corpos fossem liberados durante a madrugada ou hoje pela manhã. Texto Anterior: Acidente assusta Heliópolis Próximo Texto: Trancas dificultam saída Índice |
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