São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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TRISTE PAÍS

Tragédias acontecem em todos os lugares do mundo, seja em países ricos ou pobres. Basta lembrar a recente explosão do vôo 800 da TWA, que vitimou 230, ou o atentado durante a Olimpíada de Atlanta, que acabou matando duas pessoas e ferindo várias dezenas. Diferentemente de outras nações, porém, no Brasil o risco de morrer em uma tragédia é inversamente proporcional ao nível de renda do cidadão.
O incêndio nos galpões municipais da zona leste da capital paulista é mais um triste exemplo do descaso das autoridades para com os desvalidos, assim como as mortes por hemodiálise em Caruaru ou os velhinhos da clínica Santa Genoveva.
No caso do incêndio que tirou a vida de pelo menos dez pessoas, incluindo sete crianças, algumas coincidências macabras marcam o episódio. Para começar, as vítimas eram sobreviventes de um outro incêndio, este na favela do Tatuapé em 1995, e haviam sido transferidas pela prefeitura para os galpões na rua Nagib Farah Maluf, curiosamente, com o mesmo sobrenome do prefeito.
Muito mais macabro -trágico mesmo- é o fato de que, ao que tudo indica, a prefeitura tinha conhecimento prévio dos problemas elétricos que provavelmente originaram o incêndio. E nada fez. A falta de controle sobre a localização dos botijões de gás -que se transformaram em verdadeiros maçaricos- é outra agravante que deve ser levada em consideração. Medidas mínimas de segurança poderiam ter, senão evitado, ao menos atenuado as proporções do desastre.

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