São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Tasso radical

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), acha que o seu partido deve partir para o tudo ou nada no final deste ano:
"Devemos votar todas as reformas constitucionais, inclusive a da reeleição, mesmo com o risco de perder".
Tasso, um dos tucanos prediletos de FHC, acha que "é ruim o governo ficar com essa faca no pescoço".
"Faca no pescoço", no caso, é governar precisando sempre garantir três quintos dos votos do Congresso. Esse é o quórum necessário para aprovar uma emenda constitucional.
A única exceção que o governador do Ceará deixaria para o ano que vem é a reforma tributária -"é muito complicada e será positivo discutir o assunto mais longamente em 97".
No caso da reeleição, Tasso admite haver risco real de o governo perder. Mas acha que uma derrota não enfraqueceria FHC. "O Fernando Henrique continuará forte com a economia indo bem. Haverá uma corrida ao presidente em 98. Todos vão querer o seu apoio", diz o tucano.
A dúvida é se FHC também aceitaria correr o risco de perder o direito de se reeleger apenas para ficar livre da "faca no pescoço". Para Tasso, essa questão inexiste: "Nunca vi o Fernando Henrique obcecado pela reeleição".
Não é o que se ouve em Brasília.
Ainda assim, segundo Tasso, sua posição é parecida com a do ministro das Comunicações, Sérgio Motta. Não seria uma estratégia defendida isoladamente dentro do partido.
Mas o governador cearense reconhece que há tucanos mais comedidos. Basicamente, os que preferem esperar para conferir o resultado das eleições municipais. E só então decidir se vale a pena votar a emenda da reeleição.
Tasso considera quase irrelevante o resultado das eleições municipais. "Prefeitos têm pouquíssima influência na política nacional", diz.
Essa estratégia aparentemente kamikaze do governador cearense é mais lenha na fogueira da reeleição.
Só um detalhe. É bom lembrar que Tasso é um dos eternos candidatos tucanos à Presidência da República.

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