São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Carlos Heitor Cony recebe Prêmio Jabuti

DA REPORTAGEM LOCAL

"Quase Memória" (Cia. das Letras), do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, membro do Conselho Editorial da Folha, recebeu ontem à noite o Prêmio Jabuti de melhor livro de 1995 na categoria ficção.
A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu na Bienal Internacional do Livro, no Expo Center Norte, zona norte de São Paulo.
O Jabuti é entregue anualmente pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).
A obra escolhida na categoria não-ficção foi "Estrela Solitária", do jornalista Ruy Castro, também editado pela Cia. das Letras.
Devido a processo movido por familiares de Garrincha, personagem-tema do livro, a obra de Castro continua proibida de circular.
Cada um dos vencedores recebeu um cheque no valor de R$ 8.000. Os prêmios concedidos a Cony e Castro foram os mais importantes da noite de ontem.
"Quase Memória" dividiu também o prêmio de melhor romance com o livro "O Mistério do Leão Rampante" (Ateliê Editorial), de Rodrigo Lacerda, e com "Amor?" (Cia. das Letras), de Ivan Angelo.
Além disso, o livro de Cony recebeu o prêmio de melhor capa, dado ao artista gráfico Victor Burton.
Em sua 38ª edição, o Jabuti premiou 46 obras em 15 categorias. No decorrer do ano passado, a Câmara Brasileira do Livro recebeu a inscrição de 1.805 livros.
Ênio Silveira
Ao receber o principal prêmio da noite, Cony o dedicou ao seu primeiro editor, Ênio Silveira.
"De 1958 a 1970, escrevi muito e tinha um público mais ou menos cativo. Depois passei 23 anos sem escrever livro, achando que este público tinha se aposentado", disse em entrevista à Folha.
"Então, foi com alegria que recebi o prêmio. Não digo que é um estímulo porque isso seria uma improbabilidade a essa altura de minha vida. Também não digo que é uma surpresa porque não sou homem de surpresas. Sou um pessimista nato. Todo otimista é um mal informado."
O escritor atribui sua volta à literatura à existência do computador. "Tinha uma certa preguiça de colocar o papel na máquina e corrigir à mão", disse.
"Se o computador existisse há 20 anos, já teria escrito mais do que o Josué Montello", brincou. "Teria escrito uns 200 livros, o que seria uma temeridade."
Cony disse que já está pensando em escrever um novo romance, mas não quis adiantar o tema.
Afirmou que, por enquanto, só tem o título do livro. Vai se chamar "A Casa do Poeta Trágico".

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