São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996 |
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VELHO TEMA, NOVO DESAFIO Novas pesquisas revelam uma dramática mudança no cenário eleitoral norte-americano. O candidato republicano, Bob Dole, está agora tecnicamente empatado com o atual presidente, o democrata Bill Clinton. A mudança se explica, como em todo fenômeno político contemporâneo, em boa medida pelo que ocorre em termos de propaganda. Como a convenção republicana aconteceu nos últimos dias, os veículos de comunicação dos EUA concentraram-se em Dole de uma forma que, até então, não havia ocorrido. Mas se a publicidade tornou-se, em especial nos EUA, um aspecto central da política, não se pode negar que outros fatores estão animando o despertar da candidatura republicana. Do ponto de vista econômico, há pelo menos dois elementos fundamentais: a proposta de redução de impostos e o ideal do "american way of life" dos anos 50. A redução de impostos como instrumento de estímulo à economia é certamente a proposta mais cara ao que se conheceu como "reaganomics" (a teoria econômica de Reagan) nos últimos anos. Embora a proposta seja até hoje discutível, tanto teórica quanto praticamente, o fato é que o período Reagan foi marcado pela vitória final dos EUA na Guerra Fria e por uma arrancada de crescimento econômico. A nomeação de Jack Kemp, ideólogo de Reagan, para vice na chapa de Dole marca o retorno de uma proposta que parecia relegada ao passado. O ideal dos anos 50 tem um paralelo com os sucessos dos anos 80. Os republicanos associam o início com a vitória na Guerra Fria, reafirmando os EUA no papel de líder mundial. A situação econômica nos EUA não é hoje preocupante, nem de declínio. Entretanto, há uma insegurança (não só econômica) no ar que favorece os ideais de supremacia, assim como o refúgio em valores tradicionais. O deslanche de Dole traz essas questões para primeiro plano. E dificulta a estratégia de Clinton, que era a de assumir o ideário republicano. Texto Anterior: LÓGICA SUBMERSA Próximo Texto: As digitais de Maluf Índice |
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