São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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'Tenho vergonha de ser francês'

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

Quando os africanos invadiram a igreja Saint-Bernard, há dois meses, o padre Henri Conde, 64, aceitou a ocupação e se "converteu" à causa dos africanos.
Ele se acostumou a ver muçulmanos rezarem virados para Meca dentro da igreja. E se resignou a ser acordado de madrugada por telefonemas de ameaça e xingamentos contra ele e os africanos. Depois da invasão, ele afirma: "Tenho vergonha de ser francês".
(LAR)
*
Folha -O que sr. sentiu com a ação da polícia?
Henri Conde - (longo silêncio) Uma grande tristeza. Nunca vi uma violência igual. Estou chocado que isso tenha ocorrido após a aceitação do diálogo pelo governo. Folha -Como foi a invasão?
Conde - Quando perceberam que haveria a invasão, os africanos se reuniram e resolveram não resistir. Pediram que eu lesse alguns textos. Li um poema de Pablo Neruda e uma oração. Quando lia "Eu tenho um sonho", de Martin Luther King, arrancaram o microfone das minhas mãos. Jogaram bombas de gás lacrimogênio dentro da igreja, as crianças gritando.

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