São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Sarney brinca

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - José Sarney faz uma brincadeira sobre a reeleição de FHC. "Quando o assunto for apresentado, vamos discuti-lo. O presidente Fernando Henrique ainda não apresentou o tema", diz.
É evidente que Sarney sabe que FHC já discutiu o assunto com muita gente. Mas o ex-presidente da República (85-90) e hoje senador pelo Amapá prefere sempre lembrar a ausência pública do principal interessado.
Na realidade, essa brincadeira de Sarney é corroborada até por aliados do próprio FHC.
"Certamente, antes de começar o processo, o Luís Eduardo Magalhães vai falar com o presidente da República para acertar todos os detalhes", diz Jorge Bornhausen, hoje embaixador do Brasil em Portugal, mas ainda um dos principais caciques do PFL.
A mensagem de Sarney é simples. Se algum dia o presidente da República pensa que vai conseguir o direito à reeleição, então nesse dia terá que mergulhar inteiramente no projeto.
Enquanto isso não acontecer, Sarney e outros adversários mais confessos da reeleição vão manter uma postura comedida. O máximo que o presidente do Senado se permite é lançar algumas farpas.
"O partido decidiu que só discute a reeleição no ano que vem. A minha posição é que isso tem de ficar para o ano que vem", repete Sarney, quase parafraseando o principal adversário da reeleição, Paes de Andrade, presidente do PMDB e deputado federal.
Aliás, é bom destacar que Sarney e Paes de Andrade andaram juntos nesta semana. Fizeram campanha para candidatos aliados no Mato Grosso.
No seu estilo, Sarney está fazendo sozinho tudo aquilo que a frente anti-reeleição promete fazer.
E ainda tem uma esperança no resultado das urnas de outubro. "Toda eleição deixa uma mensagem. Pode ser uma mensagem pequena, grande, certa ou errada. Mas sempre há uma mensagem. E isso será muito importante para se discutir qualquer coisa. Mas o resultado só é conhecido depois da eleição", diz.

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