São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com titulares, Sansão poderia ser exumado

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Sansão. Ninguém mais usa essa expressão para designar o clássico que será disputado hoje, no horário calhorda das sete da noite. Mas, se Santos e São Paulo entrassem em campo completinhos, ah, bem que a sigla poderia ser exumada.
Isso, claro, levando-se em conta a exibição santista diante do Fluminense, na quinta à noite, e a campanha tricolor neste início de Brasileirão.
Mas o Santos não terá Carlinhos (suspenso), o responsável pelo equilíbrio do meio-campo, e o colombiano Usuriaga, que conferiu vigor e talento ao até então anêmico e burocrático ataque peixeiro. É demais para tão modesto elenco.
Já o tricolor deverá continuar desfalcado de Válber (ah, se esse rapaz tivesse juízo!) e Belletti e Djair, machucados.
É bem verdade que o São Paulo tem um estoque de reposição maior, embora Capone, na lateral-direita, jogue mais como um beque direito à antiga do que um moderno ala.
Mas a volta de Edmílson, ao lado de Axel, em fase esplêndida, deverá manter o equilíbrio do meio-campo.
Enfim, é problema do treinador. E é inegável que Parreira cumpre bem seu papel. Prova disso, mais do que nas estatísticas, está na maneira fácil e bonita deste tricolor jogar.
*
Por falar em técnicos, eis um enigma do futebol que nunca consegui decifrar: o que faz esses homens -na grande maioria, inteligentes e conhecedores- contrariarem a lógica do jogo com tanta frequência?
Peguemos o mister, como prefere sir Lancellotti, do Barcelona, Bob Qualquer-Coisa. Antes de mais nada gostaria que me justificassem a fama dos treinadores ingleses, desde que sua última contribuição para a evolução do futebol foi na década de 30, com o advento do WM, graças a Herbert Chapman. De lá pra cá, nada, a não ser o bumba-meu-boi que faz do futebol inglês um dos mais toscos e desagradáveis espetáculos do mundo.
Pois bem, sir Bob, tem à disposição talentos únicos no futebol de hoje, que se casam harmoniosamente: Giovanni, Ronaldinho e Stoichkov. Giovanni arma e chega, sobretudo pela meia-direita; Stoichkov descamba para a esquerda e tanto serve o companheiro quanto vai para a conclusão; Ronaldinho é um azouge, com invejável massa física e faro de artilheiro.
E não é que o inglês simplesmente se nega a colocar os três juntos no mesmo ataque?

Texto Anterior: ELES ESTÃO DE VOLTA
Próximo Texto: Basta saber olhar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.