São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996 |
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Segurança e 'igualdade'
AURELIANO RUDGE DO AMARAL O ilustre professor Dalmo de Abreu Dallari, ex-secretário da prefeita Erundina, em artigo publicado em "Tendências e Debates" do dia 18/7, vem criticar proposta apresentada pelo Conselho Comunitário Cerqueira César e Jardins, entidade que presido.Entre outras coisas, afirma que "... valendo-se de sua melhor condição econômica, algumas pessoas querem comprar privilégios usando o dispositivo policial, que é pago por toda a população, para seu benefício particular, mediante o pagamento de uma propina oficializada". O ilustre professor não entendeu nada de nossa proposta e ainda nos ofende com suas críticas. A comunidade deve participar mais efetivamente da discussão de problemas da região. Pretendemos criar meios de auxiliar as forças policiais no desempenho de suas funções, tendo em vista a absoluta falta de recursos disponíveis do Estado, como vimos recentemente, em todos os jornais, que noticiaram a inoperância da polícia paulistana até por falta de combustível. Estamos dispostos a ajudar na manutenção de viaturas, na reforma de delegacias, na compra de equipamentos ou ainda no fornecimento de cestas básicas e seguros de vida para os policiais. Não pretendemos receber qualquer tipo de tratamento especial. Somos cidadãos. Não é justo que fiquemos confinados enquanto marginais tomam conta de nossa cidade. A atuação da 3ª Cia. da PM abrange parte de Higienópolis, Centro, Bela Vista e Cerqueira César, não se tratando de bairros que abriguem apenas população "privilegiada, destituída de solidariedade e espírito público!", como quis fazer crer o infeliz artigo. Ética, espírito público, solidariedade e fraternidade, professor Dallari, não são privilégio do partido político de sua preferência. Cidadãos conscientes também os praticam. Quanto à "semiprivatização da polícia", temos a observar que 90% dos policiais praticam irregularmente os chamados "bicos". Agências bancárias, shoppings, magazines, condomínios fechados, repartições públicas utilizam-se de serviços de empresas particulares de segurança. Na periferia, os chamados "justiceiros" perpetram execuções sumárias a mando de comerciantes locais, chacinam famílias inteiras, e não consta do artigo do ex-secretário qualquer manifestação de repúdio a tal situação. Este Conselho repudia veementemente a atuação daqueles grupos. Apoiar as forças policiais regulares, para que as mesmas desempenhem condignamente suas funções legais, sem quaisquer "interferências ou solicitações de favorecimento", é o nosso propósito. Finalizando, caso todos os bairros chamados de "classe média" se disponham a auxiliar a polícia, mais recursos estarão disponíveis para atender as regiões desfavorecidas. "Reage São Paulo". Texto Anterior: Monkey business Próximo Texto: PEC da educação passa no Senado Índice |
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