São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996 |
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Defesa estuda pedir exumação do corpo CRISTINA GRILLO CRISTINA GRILLO; SERGIO TORRES; RONI LIMA
A única possibilidade de determinar qual instrumento foi usado para matar a atriz Daniella Perez seria fazer uma exumação do corpo, disseram ontem os médicos legistas Nelson Massini, 48, e Carlos Alberto de Oliveira, 53. A possibilidade de ser pedida a exumação do corpo ao juiz José Geraldo Antonio, do 2º Tribunal do Júri do Rio, está sendo examinada pelo advogado Paulo Ramalho, que defende o acusado Guilherme de Pádua. Daniella Perez foi morta em 28 de dezembro de 1992, com golpes de um objeto perfurocortante. Guilherme de Pádua e sua ex-mulher, Paula Thomaz, são acusados. Os legistas Massini e Oliveira, que analisaram o laudo cadavérico, divergem em alguns pontos -principalmente quanto à arma. Oliveira, que preparou um parecer a pedido dos promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag, afirma que a atriz foi morta com um punhal ou uma faca de ponta. Ele descarta a possibilidade de uma tesoura ter sido usada. A definição do objeto como punhal pode fortalecer a tese da acusação -de que o crime foi premeditado. Se for uma tesoura, fortalece-se a versão da defesa. Massini, que fez uma análise do laudo a pedido da Folha na semana passada, afirma que uma tesoura poderia causar os ferimentos descritos no laudo cadavérico. "Já que existe tanta dúvida, que se faça a exumação", disse. De acordo com ele, caso os golpes tenham atingido a parte óssea, é possível determinar o instrumento. "Se tiverem atingido o esterno ou costelas, é possível que tenham deixado marcas", disse Oliveira. Segundo Nelson Massini, marcas deixadas por tesouras são diferentes de marcas deixadas por punhais ou facas de um só gume. O perito Talvane de Moraes, que na época do crime era diretor do DGPTC (Departamento Geral de Polícia Técnica e Científica), acha pouco provável que a exumação possa determinar a arma do crime. "Daniella só foi atingida em partes moles do corpo, que não existem mais. A dúvida só terminaria se a arma fosse encontrada", disse. Procedimento Para que seja feita uma exumação do corpo, é preciso que uma das partes -ou advogados de defesa de Paula e de Pádua, ou acusação- faça uma solicitação ao juiz. A petição deve especificar qual a motivação do pedido -no caso, qual dúvida poderia. Paulo Ramalho, advogado de Pádua, não decidiu se fará o pedido. Segundo ele, "haveria um grande desgaste emocional". O assistente de acusação, Arthur Lavigne, disse ser contra a idéia. Colaborou Roni Lima Texto Anterior: Governo dá prioridade a técnica no país Próximo Texto: Acusados poderiam estar livres Índice |
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