São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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O próximo factóide

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), acredita ter a fórmula para pavimentar o caminho até o Palácio do Planalto de um nome de seu partido, que pode ser ele próprio ou o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães.
É claro que a idéia de Maia serve apenas para a hipótese de não ser aprovada a reeleição. Se esta passar, FHC é candidato à reeleição e Cesar Maia disputa o governo do Rio.
Mas, sem reeleição, Maia sugere que FHC nomeie ou o próprio Maia ou Luís Eduardo para o Ministério da Justiça, com a missão precípua de "consertar a segurança pública" no país.
O raciocínio do prefeito é o de que grande parte do problema da violência decorre de situações que os Estados têm limitada capacidade de combater. Caso do tráfico de drogas e do contrabando/venda de armas.
Maluquice do prefeito? Pode ser, mas, pelo menos na análise, não é um maluco solitário. O então presidente eleito Fernando Henrique Cardoso, quando da intervenção do Exército no Rio, dizia sempre que a violência não poderia ser entendida como um problema circunscrito à cidade.
Dependia de fatores que nasciam longe dela, referindo-se exatamente ao tráfico de drogas e à venda de armas.
Não tenho dúvidas de que um cidadão que "consertasse a segurança" teria enormes possibilidades de eleger-se presidente da República, conhecida que é a paranóia que sentimos, paulistas e cariocas principalmente, em relação ao tema.
Só não sei se o "conserto" é exequível. Começa pelo fato de que FHC pode até comprar a idéia de Maia, mas nomear alguém do PSDB e não do PFL para executá-la.
Além disso, fazer túneis, viadutos e cingapuras é fácil. Basta ter ou levantar os recursos necessários. Já botar ordem no caos que é o aparelho de segurança e justiça do Brasil exige muito mais do que isso.

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