São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Maluf lança um desafio

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Paulo Maluf, prefeito de São Paulo, mudou de opinião. Não vai dificultar as coisas mais adiante para que FHC consiga a sua reeleição.
Ao contrário do seu posicionamento anterior, mais sanguíneo, Maluf resolveu observar friamente o que chama de relação custo-benefício.
Colocou em uma balança o que perderia e o que teria de lucro se a reeleição fosse aprovada para FHC. Concluiu que o custo seria alto e o benefício quase invisível.
O prefeito se convenceu de que a situação da economia será o fator determinante na eleição do próximo presidente da República, em 98.
Se a economia estiver bem, FHC (com reeleição) ou alguém indicado por ele terá grandes chances. Se o Plano Real fizer água -e Maluf já acha que isso acontece-, FHC e seus aliados teriam muitas dificuldades.
Ou seja, com ou sem reeleição, Maluf sempre dependeria da economia para perseguir seu objetivo maior, que é a Presidência da República.
Além do mais, Maluf sabe que seria muito difícil barrar o rolo compressor que o PSDB e o PFL estão preparando para arrancar a emenda da reeleição do Congresso.
Pois bem, é aí que entra o desafio que Maluf acaba de lançar para FHC. O prefeito de São Paulo diz ter certeza de que a reeleição só passa no Congresso se houver deputados e senadores dispostos a trocar favores com o governo.
Cuidadoso -ou sarcástico-, Maluf sempre diz confiar nos congressistas. Mas ataca os métodos do governo FHC nesse particular.
E desafia o presidente a conquistar a reeleição apenas com convencimento ideológico.
Como um cão farejador, Maluf estará atentíssimo a todos os movimentos no Congresso. Ao mínimo sinal de cooptação de deputados, promete fazer uma campanha para colar em FHC o rótulo de fisiológico.
No Planalto, fleumáticos, os assessores de FHC dizem que a reeleição virá por gravidade. Sem fisiologia.
O desafio está lançado.

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