São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Ronaldo acha que escapou

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ronaldo K., 18, seguiu o mesmo caminho de muitos amigos que conheceu usando crack: deixou a escola, abandonou o trabalho, vendeu o que encontrou em casa para comprar as "pedras".
Primeiro foram as jaquetas, os tênis, as calças. Depois vendeu as ferramentas que o pai usava para trabalhar como pedreiro.
"Eu ia ajudar minha mãe no bar que ela tinha e aproveitava para limpar o caixa. Fumava cinco a seis pedras por dia, dentro de casa mesmo. Minha mãe não sabia o que era aquele cheiro de remédio queimado."
Ronaldo diz que começou a usar drogas há cerca de dois anos. "Comecei direto no crack, depois experimentei de tudo. Em quatro meses, estava na pior. Deixei o trabalho, peguei a grana e queimei em droga."
Há um mês ele participa de um dos grupos do Proad. "Sinto que já estou fora desse mundo das drogas. Hoje mesmo tenho um trabalho para ver."
Ronaldo diz que nunca se envolveu com a polícia, não usava armas nem participou de assaltos. "Foi muita sorte, porque sempre andei pelas 'bocadas', caçando drogas. Tenho amigos que caíram na mão dos homens. Tiveram de arrumar dinheiro para escapar."
Para ele, a droga sempre esteve ligada "a coisas boas". "Cheirar e pipar me davam a maior alegria. Quando o efeito está passando, você fica em baixa, pensa nos pais. Para sair dessa, é preciso ter muita vontade."
(AB)

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