São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Mortes por álcool batem recorde em 95

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mortalidade por causas diretamente ligadas ao consumo de álcool aumentou em São Paulo em 95. Foram 1.112 óbitos por alcoolismo crônico, doença crônica do fígado, cirrose hepática ou psicose alcoólica. É recorde na década.
Isso significa que, para cada 100 mil habitantes da cidade, 11,2 morrem diretamente por causa da ingestão exagerada de álcool. Em 1992, esse coeficiente era 7,6 por 100 mil. No ano passado, 9,3.
Doenças provocadas pelo hábito de beber demais já são a quinta causa mortis mais frequente entre homens paulistanos de 30 a 49 anos. Elas são responsáveis por 10,8% dos óbitos nesse grupo.
A incidência do problema é oito vezes maior entre homens, mas o crescimento tem sido mais rápido e constante entre as mulheres. Foram 70 óbitos femininos por causa do álcool em 1992 e 132 no ano passado: um crescimento de 89%.
As taxas de mortalidade por grupo de 100 mil são de 20,4 para os homens e 2,5 para as mulheres, mas variam de bairro para bairro -e são mais graves na periferia.
A maior taxa da cidade é a da região de Pirituba (norte), com 41,3 óbitos por 100 mil moradores homens. Em seguida aparecem a área de Santana/Tucuruvi/Nossa Senhora do Ó, também na zona norte, com 35,8/100 mil homens.
Para as mulheres, o quadro mais grave está na zona sul, na região de Campo Limpo, com 7,8 óbitos para cada grupo de 100 mil mulheres.
Os dados são o destaque do boletim nº 21 do Proaim -programa da prefeitura voltado à melhoria e análise das informações sobre mortalidade na cidade-, que será divulgado esta semana.
Os médicos do programa advertem, no texto de apresentação, que existem várias outras causas de morte direta ou indiretamente relacionadas ao consumo de álcool não computadas no levantamento.
"Estudos mostram que as pessoas que abusam ou dependem do álcool são vítimas ou agentes mais comuns de acidentes de trânsito, homicídios e outras formas de violência", escrevem.
Além disso, dizem os autores, há maior probabilidade de os consumidores abusivos de álcool apresentarem desnutrição, distúrbios cardiovasculares e alguns tipos de câncer, como de boca e de esôfago.
Mesmo a mortalidade em função da Aids tem uma parcela de casos relacionada ao consumo de álcool. É o caso da pessoa que bebe demais e não se lembra de usar a camisinha durante o ato sexual, lembra o infectologista David Uip.

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