São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Renda de estudo paga pesquisa genética

DA ENVIADA ESPECIAL A CAXAMBU

"O ICMS gerado pelo desenvolvimento de tecnologia contra a ferrugem vegetal ou pelo aumento de produtividade conseguido por técnicas de melhoramento vegetal, já financiou muitas vezes a pesquisa genética no Brasil".
A afirmação é de Francisco Duarte, da USP de Ribeirão Preto e de Edmundo Kanan Marques, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Segundo Marques, a genética brasileira já foi reconhecida como uma das dez melhores do mundo.
"Até meados dos anos 70. Dali para frente, não conseguimos mais acompanhar a corrida internacional", diz. Segundo o pesquisador, hoje o volume de trabalhos na área é insignificante.
"Um exemplo: temos cerca de 2.800 bolsistas no exterior, que não substituem o pessoal que se aposenta aqui no Brasil", diz Duarte. Segundo ele, o Japão tem 35 mil bolsistas só nos EUA, e a Índia, 98 mil espalhados pelo mundo. "Isso mostra uma grande preocupação desses governos em investir na educação".
A "falsa promessa"
A biotecnologia ainda não passa de uma promessa. A afirmação é de Ernesto Paterniani, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.
"O erro foi vender o peixe com excesso de perspectivas. A biotecnologia tem uma aura de sofisticação, mas o que estamos conseguindo produzir ainda é fruto das técnicas de melhoramento convencional. Mas isso não quer dizer que não deva ser pesquisada".
Brasil x Mundo Sobre o desempenho de algumas áreas da genética, como o melhoramento vegetal, Paterniani diz que é impossível a comparação dos estudos brasileiros e internacionais.
"Milhos híbridos dos EUA, por exemplo, são adaptados ao clima temperado. Já os nossos, ao clima tropical", diz Paterniani.
Segundo ele, "podemos sim comparar agricultura tropical com agricultura tropical. "E nessa área podemos dizer que nosso desempenho é superior".

A jornalista Vanessa de Sá viajou a convite da Sociedade Brasileira de Genética

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