São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Cidade adota medida pelo 2º ano

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARI

Compiègne é uma das 20 cidades francesas que fecharam suas portas aos mendigos.
Como Versailles e Fontanebleau, ela abriga castelos de monarcas franceses que foram transformados em museus abertos à visitação pública.
A floresta de Compiègne era o lugar onde vários reis franceses iam participar de caçadas, principalmente de javalis.
Construído na entrada da floresta, o Castelo de Compiègne foi eleito por Napoleão 3º um de seus locais preferidos de estadia durante o Segundo Império (1852-1870).
Foi na floresta que foi assinado o armistício de 1918.
O passado faz com que o turismo seja a principal fonte de recursos econômicos da cidade no presente.
Efeito
Este é o segundo ano em que a medida está em vigor. E, aparentemente, surtiu efeito. É preciso andar muito para encontrar um SDF (sem domicílio fixo) na cidade. E, mesmo assim, em trânsito.
David se recusou a dar o sobrenome e a idade. Aparenta cerca de 40 anos. Segundo ele, há quase dez anos vive da mendicância.
Ele passa de cidade em cidade, sempre acompanhado de seu cachorro vira-lata.
"Não existe trabalho para todo mundo na França hoje em dia. Precisamos comer. O que querem que a gente faça? Que a gente pegue uma arma e comece a roubar? Não incomodamos ninguém", afirma David, olhando para o cachorro e segurando uma garrafa de vinho.
Apoio
A medida do prefeito Philippe Marini (senador pelo RPR, Reunião pela República, partido do presidente Jacques Chirac) teve boa aceitação entre comerciantes.
É o caso de Giselle Boulanger, 62, dona do restaurante "Le Welcome" -"O Bem-vindo", em uma mistura de inglês e francês.
"Os SDFs enfeiam a cidade. Prefiro os cachorros nas ruas aos SDFs. Embora os cachorros deixem excrementos", compara.
Mesmo aplaudindo a medida de repressão à mendicância, ela encontra motivos para insatisfação.
"Mas, se não são eles, são os árabes. Tem sempre gente que entra e não quer pagar", resmunga.
(LAR)

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