São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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IMPÉRIO DA SOLIDÃO

Durante a Guerra Fria, os EUA firmaram-se como potência imperial. Houve até certa glamourização do fenômeno. Reagan qualificava a URSS como "império do mal"; criou-se o programa "Guerra nas Estrelas"; e, nos cinemas, a ficção projetava batalhas imperiais interestelares.
O novo confronto dos EUA com o Iraque talvez lembre sucessos do cinema mais antigos, como o já clássico "O Rato que Ruge", em que uma liliputiana "potência" invadia os Estados Unidos para resolver seus próprios problemas. Era tudo tão inverossímil que os EUA rendiam-se.
Agora, o cenário lembra mais um império da solidão. À reação fria de potências ocidentais soma-se a inexistência de consenso pró-EUA no mundo árabe e a sensação generalizada de que Clinton age motivado por um show de conotação eleitoral.
Não há como negar que os EUA mantêm a condição de potência militar hegemônica. Mas verifica-se um desprestígio diplomático e político em vários campos, em especial no militar. E a Europa exibe certa exaustão de guerras, sobretudo depois do desgaste provocado pelo conflito na Bósnia-Herzegóvina. Resta indagar se, como em "Forrest Gump", as coisas se encaixarão e o mundo voltará a um estado que, aos olhos dos EUA, pareça mais normal.

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