São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Sonhar é preciso

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Com menos frequência do que deveria, tenho sintetizado neste espaço idéias de pessoas que não pertencem ao mundo oficial, se por ele se entender, além do governo, também instituições em geral.
Todos os casos de que me lembro envolviam gente muito jovem, que facilmente se enquadrariam no rótulo de "sonhadores", mais ainda em um mundo impregnado de um pragmatismo quase selvagem.
Volto ao tema, desta vez para mencionar um livro ainda não editado escrito pelos estudantes do Rio de Janeiro Carlos Fernando Galvão e Carlos Fandiño Vieira, com programação visual de Ana Sofia Mariz.
Chama-se "A Saída não é o Galeão" e tem o subtítulo de "Idéias para um Projeto de Brasil".
Chama a atenção, em primeiro lugar, o fato de que os meninos investiram três anos de suas vidas para estudar o Brasil, sem se preocuparem com o retorno do investimento. Já mereceriam um prêmio só por isso.
Mas, como diz Carlos Fernando, não querem ficar apenas no diagnóstico, de que, de resto, o Brasil é prenhe.
Propõem uma série de projetos sociais, que vão de orfanatos ao que chamam de "democratização do espaço social". Pediram-me uma avaliação das propostas. Não sei fazê-la nem creio ser tarefa de repórteres, embora respeite opiniões de outros jornalistas que pensam o contrário.
Por isso, limito-me a contar da existência dos moços e a reproduzir o convite final do livro: "Tornemo-nos atores nessa grande peça teatral que é a vida e produzamos juntos, apesar das adversidades, um espetáculo que leve todos nós a um final feliz".
Pedem pouco e pedem muito os jovens. Para começar, querem apenas tornar conhecidas suas propostas por quem possa eventualmente dar consequência a elas, o que implica editar o livro, por exemplo. Podem não ganhar algum Prêmio Nobel, mas é melhor do que muita coisa que se vende por aí com ares científicos.

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