São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Presos da Detenção vão para o interior

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de cidades em um cinturão de cerca de 100 km de São Paulo deverá herdar os presos da Casa de Detenção de São Paulo. O governo estadual só deverá anunciar os locais dos novos presídios após as eleições municipais.
A Folha apurou que entre as cidades que poderão abrigá-los estão Arujá (Grande São Paulo) e Iperó (135 km a oeste de São Paulo). Apenas um deles, a nova Casa de Detenção, será em São Paulo.
Ontem, o governador Mário Covas e o ministro da Justiça, Nelson Jobim, assinaram um convênio que prevê a retirada dos presos, a implosão da detenção e a construção de nove novos presídios.
Para tanto, será usada uma verba de R$ 117,2 milhões -80% virá do governo federal e 20% do estadual. Em 96, serão feitas as licitações para a construção dos presídios e liberados R$ 15 milhões pela União.
A desativação da Casa de Detenção faz parte do Programa Nacional de Direitos Humanos do governo federal. "São Paulo tem profunda vergonha do complexo do Carandiru", disse Covas.
Implosão
O governo estadual quer concluir as licitações até 1º de dezembro de 96. Após essa data, o cronograma das obras prevê a implosão da detenção em 18 meses.
"Esperamos que os novos presídios possam recuperar os presos", disse Guido Andrade, 57, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção São Paulo.
A Casa de Detenção é o maior presídio da América Latina. Abriga 6.353 presos num espaço planejado para ter 3.200. Dos novos presídios, seis serão de segurança máxima e terão 600 vagas.
O convênio prevê a construção de duas outras prisões de segurança média para 700 detentos. A nova detenção terá dois blocos para 600 presos cada um.
Após essa primeira fase, o governo quer desocupar os outros três presídios do complexo do Carandiru (zona norte): o Centro de Observação Criminológica e as penitenciárias do Estado e Feminina.
Para tanto, pretende trocar o terreno de 427,6 mil m² do complexo com a iniciativa privada, que construiria 21 presídios e quatro outros prédios. A operação está orçada em R$ 257 milhões.
Eleições
Covas e Jobim negaram qualquer ligação entre a assinatura do convênio e as eleições municipais. "Se eu pudesse, teria assinado esse convênio no primeiro dia do meu governo", afirmou o governador.
Jobim disse que citou no discurso a "colaboração" do atual candidato do PSDB à prefeitura paulistana, José Serra, ao convênio "porque Serra fez isso" quando era o ministro do planejamento. O presidente Fernando Henrique Cardoso não falou sobre a questão.

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