São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Irmão de Benazir é morto pela polícia

Murtaza Bhutto rompera com primeira-ministra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Murtaza Bhutto, 42, irmão e adversário político da primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, morreu ontem após entrar em choque com a polícia em Karachi, a principal cidade do Paquistão.
Segundo a polícia, o conflito começou à noite, quando os carros em que estavam Murtaza e partidários se recusaram a parar em blitz. Seis deles morreram na hora.
Murtaza recebeu pelo menos dois tiros -um deles no pescoço. Seu coração parou duas vezes, e ele morreu no hospital. A polícia diz que os militantes do grupo Shaheed Bhutto, uma dissidência do Partido do Povo Paquistanês (PPP, governo), atiraram primeiro e causaram o incidente.
Um membro do grupo disse que foi a polícia quem atirou primeiro. Os militantes saíam de uma festa.
Horas antes de morrer, Murtaza disse à imprensa que seu grupo não tinha nenhum envolvimento com uma série de três atentados a bomba na cidade. Murtaza dissera que 70 membros de seu grupo haviam sido presos nas 24 horas anteriores.
A blitz da polícia aconteceu justamente por causa da série de atentados, que aconteceu na quarta-feira que deixou uma pessoa morta e três feridas. Na entrevista, Murtaza acusou a própria polícia de ter instalado as bombas.
Rompimento
Murtaza e Benazir Bhutto romperam durante o ostracismo político ao qual a família foi submetida após a deposição (1977) e enforcamento (1979) do pai deles, Zulfikar Bhutto.
O irmão de Benazir passou 16 anos no exílio, a maior parte dos quais na Síria, e fundou um grupo clandestino acusado de ter sequestrado um avião em 1981.
Benazir assumiu o poder pela primeira vez em 1988. Seu irmão só voltou cinco anos depois. Foi preso por várias acusações -ela dizia que Murtaza tinha obrigação de "limpar o nome" nos tribunais.
Quando ele conseguiu "limpar o nome", após sete meses na prisão, formou o grupo Shaheed Bhutto, uma dissidência interna do PPP, e acusou a irmã de trabalhar com os responsáveis pela morte do pai. "Ela foi eleita democraticamente, mas governa de forma não-democrática", dizia.

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