São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996 |
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Coerente, mas monótono
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Fernando Rodrigues informava ontem, nesta Folha, que o presidente Fernando Henrique Cardoso quer um perfil de "fazedores" para as pessoas que serão convocadas a servir o governo na reforma ministerial.É uma bela idéia, ainda mais em um governo que, de "fazejamento", até agora mostrou pouco ou nada. Pena que seja uma idéia antiga e nada original. FHC terminou a viagem que fez ao Leste europeu, entre a eleição e a posse, em 1994, com um café da manhã com o reduzido grupo de jornalistas que cobria a sua viagem. Foi em Praga, capital tcheca, em uma época em que FHC ainda dizia coisas que iam além dos chavões, evasivas e boutades cada vez mais sem graça. Garantiu, então, que seus ministros teriam características de gerentes, o que vem a ser a mesma coisa que "fazedores". Disse até que montaria um sistema de informações internas que lhe permitisse e ao gerente-mor (o chefe da Casa Civil) cobrar o andamento das decisões tomadas pelo governo. Foi no finzinho de outubro de 1994. Já estamos, quase, em outubro de 1996. Vê-se, pelas informações de Fernando Rodrigues, que o presidente é coerente. Pena que, entre os conceitos e a ação prática, fique um tremendo abismo. Convenhamos que dois anos para implementar um ministério "fazedor" é tempo demais. Nem dá para alegar que é preciso uma reforma constitucional e seu quórum de 3/5 para montar um gabinete como queria FHC há dois anos e continua querendo agora. Nesse ritmo, o FHC candidato à reeleição ainda vai estar procurando um ministério do gênero. E o jornalismo político continuará tão emocionante quanto trabalhar em um tabelionato. Ainda bem que 98 é ano de Copa do Mundo, ainda por cima na França. Pelo amor de Deus, Matinas, me escala, vai. Texto Anterior: DEFLAÇÃO É BOM? Próximo Texto: O fim dos gerentes Índice |
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