São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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O fim dos gerentes

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Está quase morrendo uma idéia recente do governo, de nomear gerentes para os 42 projetos de desenvolvimento priorizados por FHC.
A estratégia era escolher bons operadores, de dentro ou de fora do governo. Essas pessoas teriam superpoderes para acompanhar e cobrar resultados na execução dos tais 42 projetos.
Isso já aconteceu no passado. O ex-presidente Juscelino Kubitschek utilizou os serviços de pessoas de fora do governo. Garantia que a obra saísse mais rápido, pois o andamento ficava infenso à morosidade da burocracia oficial.
Foi pensando nisso que FHC imaginou poder nomear também os seus gerentes para projetos prioritários. Só que nada aconteceu e ninguém foi nomeado oficialmente até agora. Apesar disso, muitos dos 42 projetos já estão em pleno andamento.
São duas as razões principais que levaram FHC aparentemente a ter mudado de idéia. A saber:
1) Quando lançou os 42 projetos (na realidade, relançou, pois essas obras sempre existiram no papel), FHC cogitava de fazer uma reforma ministerial antes do final do ano. Agora, está convencido de que isso ficará para o ano que vem. Como imagina que os tais gerentes tenham de estar afinados com os futuros ministros, fica impossibilitado de fazer nomeações;
2) A simples menção de que pessoas de fora do esquema atual seriam convidadas para aparecer como os grandes operadores de obras de destaque acendeu uma fogueira das vaidades entre ministros e caciques aliados em geral. Se vier mesmo a nomeação dos tais gerentes, a ciumeira ficará praticamente inadministrável.
Por tudo isso, a idéia está para morrer de morte morrida. Cada vez menos se fala do assunto. E, se alguém de fora for mesmo nomeado, será devidamente instruído para não ofuscar o brilho de algum ministro.
Mesmo porque, em época de conseguir a reeleição, o que FHC menos deseja é ministros batendo em sua porta reclamando de funcionários do terceiro escalão.

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