São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Impacto político dificulta incorporação

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A avaliação de que São Paulo não precisa de dois bancos estaduais não é nova, mas até então defendia-se a incorporação da Nossa Caixa pelo Banespa e não o oposto.
A fusão dos bancos foi sugerida ao então governador Franco Montoro (1983-1987). Ele considerou a idéia boa, mas achou que só seria viável feita em início de governo.
No governo Fleury, foi formada uma comissão para estudar uma "solução definitiva para a Nossa Caixa". A hipótese de fechamento da instituição chegou a ser discutida nas negociações da dívida estadual, no governo Collor. Mas aquele era um período de eleições municipais (1992) e a decisão teria o mesmo risco político de hoje.
A idéia de unificação foi retomada recentemente pelo governador Mário Covas, dias depois que o Comitê de Defesa e Desenvolvimento do Banespa reuniu cerca de 5.000 funcionários do banco no Palácio dos Bandeirantes.
A proposta foi vista como tentativa de Covas de manter a iniciativa política na discussão com o BC.
"O racional seria o Banespa incorporar a Caixa", diz Coradi, que questiona se os Estados devem manter bancos de varejo. Ele diz que a receita da intermediação financeira do Banespa em 1994 foi 4,2 vezes maior que a da Caixa. A fusão ou a incorporação implicará o custo econômico das demissões (e das eventuais equiparações salariais) e o desgaste político, com o fechamento de agências.
Estudos antigos indicam que os dois bancos, juntos, poderiam manter o mesmo volume de operações com 60% da estrutura atual. Em 1995, a Nossa Caixa encerrou 13 agências, apenas 2,6% da rede. A assessoria da Caixa informa que foram cortados 2.300 funcionários na atual administração (seu quadro hoje é de 12.500 funcionários).
Direito dos minoritários
A incorporação do Banespa pela Nossa Caixa, que herdaria os "créditos bons" do Banespa, pode gerar problemas envolvendo os direitos dos acionistas do Banespa.
Segundo Meinberg, se o Banespa for dividido em dois, para se adequar ao Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), os 143,8 mil acionistas minoritários correm o risco de ver suas ações "virarem pó".
(FV)

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