São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Para entidade de mutuários, desconto é demagogia da CEF

DA REDAÇÃO

Humberto Rocha, diretor da Cammesp (Central de Atendimento a Moradores e Mutuários de São Paulo), considera "demagogia" do governo a medida que ampliará a possibilidade de liquidação de dívidas da casa própria com desconto.
Ele não aceita que isso seja "desconto" porque a dívida real da maioria dos mutuários deveria ser hoje, pelos seus cálculos, pelo menos 50% menor do que a contabilizada nos contratos.
Além da TR que incide sobre as dívidas, que Rocha critica porque não é índice de correção monetária, ele lembra que os 84,32% de inflação em março de 1990 (Plano Collor), por exemplo, foram indevidamente aplicados aos saldos devedores.
O fato de mutuários pagarem prestações baixas, segundo ele, estaria relacionado ao arrocho salarial dos últimos anos.
Para Rocha, todos os contratos deveriam ser recalculados com base em outros critérios. O resultado seria a redução das dívidas e, consequentemente, também da conta a ser assumida por toda a sociedade.
Só de taxas de seguro cobradas irregularmente, afirma, as seguradoras devem aos mutuários cerca de US$ 800 milhões, conforme decisão da Justiça.
Ele entende que "muitos mutuários irão quitar suas dívidas com o tal desconto, mas por medo de novos abusos por parte do governo e dos bancos".
O diretor da Cammesp recomenda que os mutuários, inclusive os da carteira hipotecária, esperem novas decisões da Justiça, que, segundo ele, farão com que caia o valor das dívidas.

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