São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Pólo reúne empresários e seus herdeiros

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não são apenas os negócios que passam de pai para filho. Na elite empresarial brasileira, muitos filhos herdam dos pais a paixão pelo jogo de pólo -um esporte pouco difundido no país, restrito a homens de sobrenomes famosos.
"Jogo desde moleque. Meu pai sempre foi fanático pelo esporte e aprendi com ele", diz Ricardo Mansur Filho, 21, filho do empresário que comprou o Mappin.
Mansur Filho está entre os cinco melhores jogadores do país. Treina apenas nos finais de semana nos campos da família em Indaiatuba (110 km de SP).
"Gostaria de treinar mais, mas não consigo conciliar com o dia-a-dia", diz Mansur, que trabalha com o pai.
Luiz Felipe Diniz, diretor da ASD e filho de Alcides Diniz, é outro adepto. "É um esporte de elite, pelo dinheiro necessário para praticá-lo. É o meu hobby preferido", diz Diniz.
Luiz Hafers, 60, presidente da Sociedade Rural Brasileira, conta que o esporte já lhe rendeu 14 fraturas. "Mas não tenho úlcera nem vou a psicólogos", afirma.
O empresário carioca Ronnie Ganon, 45, define o pólo como o esporte familiar no final de semana. Segundo ele, em vez de os filhos viajarem, ficam no sítio com a família e namoradas jogando pólo.
"No final de ano, não há opção: os dois garotos só querem ganhar cavalos de presente", diz Ganon.
Puro sangue
Cada cavalo custa, em média, entre R$ 5.000 e R$ 15.000, segundo Eduardo Camargo, 39, diretor da Federação Paulista de Pólo. Mas animais mais qualificados, geralmente puros-sangue inglês comprado na Argentina, podem chegar a R$ 50 mil.
A prática do pólo exige, no mínimo, sete cavalos, um para cada tempo da partida que dura sete minutos. Mas cada jogador costuma levar para as partidas dez cavalos.
Os tacos, com preço médio de US$ 70, são importados. Os óculos de proteção também não são vendidos por aqui.
"O esporte é caro em todo o mundo pela infra-estrutura necessária", afirma Diniz, que está disputando o Torneio Aberto de Pólo do Estado de São Paulo, em Indaiatuba.
Para ele, o fato de o esporte reunir, após cada partida, todas as equipes para um bate-papo explica porque o pólo é considerado um bom lugar para se iniciar negócios. "Nessa conversa, a gente acaba sabendo de várias oportunidades."
O esporte é praticamente monopólio masculino e beira o machismo. Mães e namoradas apenas assistem as partidas.

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