São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Empresas combatem extinção

Setor reage a projeto da Receita

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de tíquete-refeição e vale-alimentação estão iniciando o contra-ataque à proposta da Receita Federal de acabar com o benefício, incorporando-o aos salários dos funcionários.
A Ticket, maior empresa do setor, com 4 milhões de usuários no país e 10 milhões em 22 países, planeja lançar em novembro, em Brasília, o tíquete eletrônico, em substituição ao papel.
Informatizando o uso do vale-refeição do início ao fim, a empresa espera acabar com a chamada "Máfia do Tíquete", que compra os vales dos trabalhadores e dos restaurantes, com deságio.
"É a solução para o problema", afirma Oswaldo Melantonio Filho, diretor-geral da empresa.
A Assert, associação que representa cerca de 60 empresas do setor, também decidiu reagir. Resolveu, na quinta-feira passada, iniciar uma campanha de combate ao desvio dos tíquetes, a começar pela capital federal.
A idéia, segundo Cláudio Szajman, vice-presidente da Vale Refeição e diretor da Assert, é instituir o depósito direto em conta corrente no reembolso dos vales aos restaurantes de Brasília.
Normalmente, o reembolso é feito por meio de cheques, que são repassados aos intermediários, os chamados "tiqueiros".
A escolha de Brasília, nos dois casos, tem por objetivo abafar a campanha da Receita Federal pelo fim do benefício.
"Brasília é a capital dos 'tiqueiros', pois os funcionários públicos estão sem reajuste salarial há muito tempo e repassam seus vales adiante", diz Szajman.
Tecnologia
Mas a intenção das empresas é estender as mudanças gradualmente para outros Estados. Segundo Szajman, a VR inicia nesta semana, em São Paulo, seu projeto-piloto do "vale-refeição inteligente", com a troca do papel pelo "smart card" (cartão magnético com um chip de computador).
A Ticket, por sua vez, define nesta segunda a tecnologia de seu tíquete eletrônico -se será magnético ou inteligente.
A companhia já opera o tíquete combustível eletrônico, para frotas de carros e caminhões. Como as transferências são feitas eletronicamente, não há espaço para as fraudes, avalia Melantonio.
Ambos reclamam que as empresas não foram procuradas para discutir o projeto da Receita Federal. "Se o projeto vingar, quem vai perder são os trabalhadores, pois os salários achatarão os benefícios", prevê Melantonio.

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