São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996 |
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A mesma velha Globo
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Quando o "Jornal Nacional", da Rede Globo, classificou de "massacre" o massacre de Eldorado do Carajás, parecia uma pequena revolução.Em momentos anteriores, a Globo trataria caso semelhante como "conflito" entre a PM e os sem-terra ou faria até pior. Parecia o fim do prolongado período em que o "Jornal Nacional" foi muito mais um diário oficial eletrônico do que um telejornal. Haveria, a se comprovar aquela hipótese, duas vantagens. Para o público em geral, mais informação. Para os jornalistas da mídia impressa, o princípio do fim da ditadura do factual, do "realizou-se ontem". Na maior parte do mundo, a mídia impressa perdeu, faz tempo, o caráter de anunciadora dos fatos, assumido pelo rádio e mais amplamente pela TV, por acrescentar imagem ao som. No Brasil, não. Como a Globo, hegemônica, não raro escondia ou distorcia os fatos, anunciá-los de maneira mais límpida continuou sendo tarefa dos jornais. Perde-se, com isso, espaço e energia que deveriam estar alocados à interpretação e à antecipação de tendências, papel mais próprio para o jornalismo impresso. O ataque da Globo à Folha, a propósito da inserção de anúncios do candidato José Serra, destrói tais expectativas. Revela que dois cacoetes estão entranhados na Globo: a distorção e o governismo incontrolável. A distorção já foi exposta por este jornal. O governismo aparece na afirmação de que a Folha "torce pelo fracasso". Só coincidência com a expressão "fracassomania" criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso? É mais sutil, mas é a mesma velha Globo, cujos perfis de Fernando Collor e FHC fariam babar de inveja os diretores da TV estatal romena nos tempos de Nicolae Ceausescu. Texto Anterior: EMERGENTES DE NOVO Próximo Texto: Pedra no caminho Índice |
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