São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Pedra no caminho

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Aumenta cada vez mais o tamanho de uma pedra no caminho da reeleição. Trata-se da disputa pelas presidências do Senado e da Câmara dos Deputados.
Os atuais presidentes, Luís Eduardo Magalhães (Câmara) e José Sarney (Senado), saem em fevereiro.
Estão no páreo 11 candidatos, sendo 7 na Câmara e outros 4 no Senado. Só dois sairão satisfeitos. Ficarão descontentes, portanto, nove importantes aliados. FHC sabe disso.
É claro que alguns candidatos apenas se apresentam como postulantes ao cargo, mas sabem que não têm chances.
Só que esses "free-riders" operam muito bem com o chamado baixo clero das duas Casas. Se o governo não lhes der alguma compensação, farão "forfait" quando chegar a hora de votar a emenda da reeleição.
Para azar de FHC, os debates sobre a sucessão no Senado e na Câmara ocorrerão no mesmo período em que o presidente espera votar a emenda da reeleição -a partir de novembro até fevereiro do ano que vem.
Além dos microcandidatos, FHC também terá de resolver a vida dos que são normalmente do contra. Por exemplo, o presidente do PMDB, o deputado Paes de Andrade (CE).
Paes sabe que suas chances de ficar com a presidência da Câmara se equivalem às do Bragantino se tornar campeão brasileiro de futebol. Mesmo assim, fará barulho na condição de presidente do partido que detém a maior bancada no Congresso.
Esse complicômetro na equação da reeleição tira um pouco o sono de Luís Eduardo Magalhães e de FHC. Os dois conversaram sobre o tema mais de uma vez na última semana.
Curiosamente, aliados próximos do presidente salivam de prazer. Se o problema crescer, irão correndo dizer a FHC que o PFL errou nos cálculos ao garantir que a reeleição passaria fácil no começo de 97.
Não que FHC tenha aliados contra a reeleição. Mas muita gente do PSDB e do PMDB morre de inveja de o PFL estar comandando o processo.

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