São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cachê de atores brasileiros é maior do que de astros internacionais

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filmar um comercial para a TV brasileira com astros estrangeiros está custando menos do que com atores nacionais.
O cachê de famosos brasileiros, em muitos casos, supera o cobrado por atores internacionais. Isso explica, em parte, a recente invasão de estrelas de Hollywood na publicidade nacional.
Só nos últimos meses, o consumidor brasileiro viu desfilar na tela da TV nomes como Nastassja Kinski (famosa por "Paris, Texas"), Dean Cain e Teri Hatcher (respectivamente, Clark Kent e Lois Lane de "As Novas Aventuras do Superman"), sem contar top models do naipe de Claudia Schiffer e Linda Evangelista (só revista).
Para ter Nastassja Kinski estrelando um comercial de leite de aveia, a Davene pagou US$ 62,5 mil à atriz. Para anunciar uma linha de cosméticos naturais, a Davene ofereceu R$ 100 mil a Vera Fischer, mas a atriz recusou a oferta (leia texto na página 5).
Outro exemplo: a atriz e apresentadora Angélica não faz uma campanha em território nacional por menos de R$ 300 mil. Com esse dinheiro, é possível contratar Sharon Stone ou Mickey Rourke, e ainda sobra dinheiro (veja quadro ao lado).
"Os cachês de artistas brasileiros, comparados com os de celebridades norte-americanas, estão bastante altos", confirma Vania Consentino, 45, sócia da produtora Americana Films, instalada em Los Angeles (EUA).
Os publicitários brasileiros evitam reclamar, publicamente, dos cachês cobrados por estrelas nacionais.
"Os cachês de atores de audiência brasileiros estão na faixa de 40 a 150 mil dólares", afirma Washington Olivetto, da W/Brasil. "No comercial da Grendha, usamos o 'supercasal' (Cain e Hatcher) e gastamos menos de US$ 300 mil. Ou seja, eles estão no mesmo patamar dos atores de audiência do Brasil", conclui.
"Alguns atores estão desinformados sobre o que está acontecendo no mercado publicitário e pedem cachês muito altos. Algumas pessoas enlouqueceram, perderam o 'senso de noção"', diz Níssia Garcia, 40, ex-agente de atores que atualmente negocia cachês, defendendo os interesses das agências publicitárias.
Níssia se refere a boatos que circulam no mercado publicitário, sobre pedidos de "cachês exorbitantes".
Um deles, confirmado: o cantor Tiririca pediu, há quatro meses, R$ 1 milhão para fazer uma grande campanha de um produto alimentício. Outro, não confirmado: o ator Fábio Assunção, aproveitando o sucesso de "O Rei do Gado", teria pedido R$ 750 mil para estrelar uma campanha de uma marca de cuecas.
Segundo Níssia, isso acontece porque, no Brasil, as agências costumam perguntar quanto o ator quer, ao invés de oferecer uma "faixa viável" de cachê.

Texto Anterior: Mímico desenha atores de novela
Próximo Texto: Comercial desgasta imagem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.