São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Candidatos 'nanicos' a prefeito de SP, juntos, elegeriam só um vereador

DA REPORTAGEM LOCAL; DA REDAÇÃO

Pouco mais de 100 mil pessoas, ou cerca de 1,5% do eleitorado, levam a sério os seis candidatos "nanicos" à Prefeitura de São Paulo e disseram ao Datafolha, em 11 de setembro, que estão dispostos a votar em algum deles.
Se os microcandidatos se juntassem em um partido, essa legenda elegeria um único vereador -projetando-se um quociente eleitoral (número de votos que um partido precisa ter para eleger um vereador) de 90 mil.
Havanir Nimtz (Prona) lidera esse bloco da rabeira, imitando o estilo nervoso que tornou inconfundível seu patrocinador, Enéas.
Foi mencionada por 1% dos entrevistados -a margem de erro varia de 0 a 1 ponto percentual para os candidatos com até 1%.
O desempenho é formidável se comparado ao de José Aristodemo Pinotti (PMDB), que tem 2%, e ao de Campos Machado (PTB), 1%.
"Entrei para vencer", anuncia Havanir, cuja pretensão se ampara no terceiro lugar de Enéas na disputa à Presidência em 94. Quando cai na real, diz que "o importante é alertar o povo que ele está sendo enganado". Enéas e Havanir não se importam com a desvantagem para grandes partidos. "Grande é o que tem penetração popular, como o Prona", afirma Enéas.
Pretensão Donos de menos de 10% do horário eleitoral, Havanir e os demais microcandidatos reclamam que são esquecidos pela imprensa e desfavorecidos pela legislação.
Levy Fidelix, por exemplo, não entende que o seu PRTB seja pequeno. Para provar, afirma ter 90 mil filiados -só o PFL registra mais de 3 milhões. Diz ainda que 11 deputados de outros partidos estão "com um pé no PRTB".
Outro "nanico", Dorival de Abreu, vê nos pequenas partidos, como o seu PTN, a porta da esperança para as "pessoas comuns" que desejam frequentar os corredores do poder. O único problema é a falta de dinheiro.
"O que ele (Celso Pitta, do PPB) gasta em meio dia vou gastar durante toda a campanha", diz Valerio Arcary, do PSTU. Se for verdade, ele precisa de apenas R$ 37 mil. A penúria é compensada com discurso em que só falta convocar o eleitor para a luta armada, o que lhe rendeu 0,2% no Datafolha.
Arcary, por exemplo, afirma que fazer carreira parlamentar é uma "doença que deve ser combatida" e prega reduzir os vencimentos dos vereadores e do prefeito para R$ 1.000 mensais. "É um ótimo salário, muito mais do que os trabalhadores ganham", afirma o candidato -para quem conquistar a prefeitura é o início da implantação do socialismo no país.
Mais contido em suas pretensões, Pedro de Camillo Netto, do PSC, diz que gastará R$ 30 mil para ajudar a eleger vereadores da legenda. Afirma estar consciente de que não ganhará a eleição.
Já Carlos Alves, do PRP, avalia que gastará R$ 1,2 milhão. É um caminhão de dinheiro, diante do apenas 0,1% no Datafolha, mesmo patamar de Pedro de Camillo e Levy Fidelix e só à frente do fenômeno Dorival de Abreu -que conseguiu a façanha de não ter sido mencionado por ninguém.

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