São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Mudança no ICMS anima os fabricantes de tratores

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas exportações deve gerar renda adicional de cerca de US$ 2 bilhões para o setor agrícola nos próximos 12 meses.
A afirmação é de Claudio Costa, vice-presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos) e diretor de Recursos Humanos e Relações Externas da Valmet, um dos maiores fabricantes de tratores do país.
"Desse volume de recursos, cerca de 20% devem ser destinados para novos investimentos, como a compra de tratores e implementos agrícolas", afirma Costa. O dinheiro, antes arrecadado pelo governo, agora fica nas mãos do produtor.
"Mas somente em 98 devemos atingir a marca de 20 mil unidades vendidas", prevê Costa.
Esse resultado representa o dobro das vendas previstas para este ano (cerca de 10 mil), mas menos da metade do desempenho de 94 (46.500 unidades vendidas).
Costa diz que a renda agrícola vai melhorar nos próximos meses porque os agricultores já renegociaram suas dívidas com o Banco do Brasil, o preço do produto agrícola está alto este ano em comparação com 95 e os estoques mundiais são baixos.
Mas o diretor da Valmet diz que a compra de um trator novo não é a prioridade nesse momento.
Segundo Costa, quem tem dinheiro está comprando terras de agricultores endividados, investindo em fertilizantes para aumentar a produtividade da terra e reformando o trator antigo ou comprando uma máquina usada.
O volume de vendas dos primeiros oito meses de 96 foi 51% inferior ao mesmo período de 95.
Por causa disso, afirma Costa, os fabricantes foram obrigados a demitir 5.000 funcionários e estão com capacidade ociosa de 70%.
Frota sucateada
O resultado dessa paralisação do mercado é o sucateamento da frota. No final de 95, diz Costa, o país contava com 520 mil máquinas agrícolas (tratores, cultivadores, colheitadeiras). Vai terminar 96 com 100 mil a menos, ou seja 420 mil.
"Como a área plantada permaneceu a mesma, houve queda de produtividade", avalia Costa.
Ele calcula que 35 mil novas máquinas por ano são necessárias para o que país mantenha sua taxa de produtividade.
Para 97, o setor espera vender 15 mil unidades, cerca de 50% a mais do que este ano, pior resultado da indústria desde 1959. Vai depender também, diz Costa, da redução dos juros do financiamento, hoje na faixa de 24% ao ano.
Apesar da crise no setor, dois dos maiores fabricantes mundiais entraram no mercado brasileiro este ano: a Agco (comprou a divisão de tratores da Maxion) e a John Deer, as duas dos EUA. Isso demonstra, segundo Costa, a confiança no mercado brasileiro.
"Agora os cinco maiores fabricantes do mundo estão aqui", diz.

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