São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996 |
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Bom, mas medíocre
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Vou me dar ao luxo do vitupério que é o elogio em boca própria. Há um mês e quatro dias, escrevi que o presidente Fernando Henrique Cardoso estava longe de ser um cachorro morto.Era uma sensação empírica, contraposta a uma outra sensação, igualmente empírica, de que as coisas estavam muito ruins para FHC, difundida mesmo entre aliados do presidente, Agora, o Datafolha põe cores científicas naquela suposição e empilha boas notícias para o presidente. Começa pelo fato de que a sua avaliação (43% de ótimo/bom) é a melhor desde que tomou posse. Treze pontos melhor do que há três meses. Continua pelo fato de que FHC seria o primeiro colocado, de novo, em uma hipotética eleição presidencial que se tivesse realizado no dia 25 passado, a data da pesquisa. Ganharia de Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico do PT, por 29% a 20%. E termina pelo fato de que o Plano Real continua gozando de prestígio elevado junto ao público. Se o presidente lê a Folha, sugiro que pare no próximo ponto. Daqui para a frente vem a parte negativa, e os poderosos detestam ouvir ou ler coisas negativas a respeito deles. O mais negativo, pelo menos para mim, é o fato de que FHC desiludiu 27% dos que, com alguma ou muita razão, eram otimistas imediatamente antes de sua posse. Naquela época, 70% achavam que FHC faria uma gestão "ótima/boa". Agora, são 43%. Somando-se os que cravam "regular" e "ruim/péssimo" para a gestão FHC, tem-se uma maioria (55%) que ou não mostra entusiasmo por sua administração ou está francamente decepcionada. É muito. Por sua biografia e preparo, FHC não tem o direito de fazer um governo que a maioria considere medíocre, tomada esta palavra com o sentido de mediano e não (pelo menos por enquanto) com a carga pejorativa a ela associada. Texto Anterior: FIM DA CIÊNCIA? Próximo Texto: Frente anti-Maluf Índice |
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